sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Gleison Tibau é suspenso pela Usada por possível falha em teste antidoping



Recordista entre brasileiros em número de aparições no octógono, lutador potiguar teria níveis excedentes de EPO em exame realizado antes de seu último combate





Gleison Tibau antes de sua luta contra Abel Trujillo, em São Paulo, no início de novembro (Foto: Marcos Ribolli)

O lutador brasileiro Gleison Tibau foi suspenso temporariamente pela Agência Antidoping dos EUA (Usada), entidade responsável pelo controle antidoping do UFC, nesta sexta-feira. O atleta peso-leve teria violado um exame antidoping realizado fora de período de competição, de acordo com comunicado emitido pelo UFC; a natureza da violação, contudo, não foi revelada, nem foi estipulado um prazo para o desenrolar do caso.


Tibau se pronunciou através de comunicado oficial enviado por sua assessoria de imprensa cerca de uma hora e meia após o anúncio. Ele revelou que foi comunicado pela Usada de uma alteração em uma amostra coletada em 23 de outubro, antes de sua última luta, que apresentou níveis excedidos da eritropoietina, popularmente conhecida como EPO, hormônio proibido que estimula a produção de células vermelhas e eleva a quantidade de hemoglobinas no sangue. O lutador garantiu não ter agido de má fé e prometeu consultar seus médicos para entender o ponto falho que levou à violação.


"Não posso simplesmente virar de costas para a notificação da Usada, uma instituição de credibilidade e que tem como missão coibir o jogo sujo, o doping. Nos próximos dias, vou consultar meu staff médico para saber onde erramos e, certamente, acataremos as medidas tomadas em meu julgamento. Tenho 16 anos de carreira profissional, sendo nove dentro do UFC, e nunca passei por tal situação", disse o potiguar no comunicado.


Gleison Tibau, 32 anos de idade, é o recordista brasileiro de lutas dentro do Ultimate, com 26 aparições desde 2006, e é o segundo atleta com mais lutas na história da organização, atrás apenas de Tito Ortiz, com 27. Sua vitória sobre Abel Trujillo no último dia 7 de novembro, em São Paulo, foi sua 17ª no UFC, o que o igualou a Michael Bisping como terceiro maior vencedor na companhia, atrás de Georges St-Pierre (19) e Matt Hughes (18), e o tornou o peso-leve mais vitorioso da história do evento. O lutador potiguar jamais havia falhado um exame antidoping na carreira.


Tibau é o segundo atleta flagrado em exames antidoping fora de competição desde que a Usada assumiu o controle antidoping do UFC, em julho. O primeiro foi o croata Mirko "Cro Cop" Filipovic, suspenso por dois anos ao ser flagrado com GH (hormônio do crescimento) no organismo. Ele anunciou sua aposentadoria do MMA poucos dias antes do anúncio de sua falha. O programa da Usada prevê punição de dois anos para réus primários pegos com substâncias proibidas, podendo ir a quatro anos sob "circunstâncias agravantes" (conspiração para alterar exames, falhas anteriores, entre outras).


Confira o comunicado na íntegra:


"A Agência Nacional Antidoping dos Estados Unidos (USADA) notificou Gleison Tibau e o UFC que o lutador foi suspenso provisoriamente devido a uma potencial violação da Política Antidoping em um teste fora de competição.

A USADA, que administra a política Antidoping do UFC de forma independente, vai lidar com os processos e julgamentos apropriados para o caso específico de Gleison Tibau. Novas informações serão divulgadas no decorrer do processo."


Confira o comunicado de Gleison Tibau na íntegra:


"Não sou acostumado com vida fácil. Desde criança, lutei por tudo que conquistei, superei adversidades e tenho muito orgulho do que sou. Encaro a notícia de doping como mais uma pedra que vou tirar do meu caminho como lutador profissional e como cidadão correto. Como homem responsável que sou, jamais acreditei ter ingerido algo que possa fantasiar meus rendimentos. Me policio ao máximo para ter uma vida saudável fora do esporte, e dentro dele, honesto, limpo. Treino arduamente, me entrego ao esporte.

Porém, não posso simplesmente virar de costas para a notificação da Usada, uma instituição de credibilidade e que tem como missão coibir o jogo sujo, o doping. Nos próximos dias, vou consultar meu staff médico para saber onde erramos e, certamente, acataremos as medidas tomadas em meu julgamento. Tenho 16 anos de carreira profissional, sendo nove dentro do UFC, e nunca passei por tal situação. O gosto é amargo, como um revés dentro do cage, mas que me servirá como um grande aprendizado, uma experiência para tornar um atleta ainda mais atento ao que pode ou não ser feito dentro da política antidoping do esporte.

Lamento profundamente pelo ocorrido. Quero me desculpar com todos os envolvidos nisso, o UFC, a American Top Team, meus companheiros de treino e de profissão, e, claro, ao Abel Trujillo, atleta que enfrentei no dia 7 de novembro. Estou à disposição para conceder uma revanche para o lutador, caso ele concorde. Já competi e venci atletas que falharam no exame antidoping, como no caso contra o polonês Piotr Hallmann, em setembro do ano passado, e sei que a sensação para o adversário é ruim.

Não posso esquecer de me desculpar com os fãs do esporte, todos aqueles que sempre estiveram ao meu lado. Tenho total certeza que desta vez não será diferente, uma vez que já venho recebendo muitas mensagens de apoio através das redes sociais.

Lutar MMA é o que sei fazer, o que escolhi como profissão, minha fonte de renda. Tenho total responsabilidade sobre meus atos, e confio na justiça para punir se for preciso, mas também para inocentar se assim for provado.

À imprensa, agradeço pela oportunidade de me dar voz em um momento complexo como o que vivo agora, o mais difícil de minha carreira. Confio ainda em Deus para que eu possa voltar à ativa e seguir minha carreira de maneira honrada, como sempre foi."



Fonte: Globo esport

Nenhum comentário:

Postar um comentário