quarta-feira, 15 de julho de 2015

Inflação oficial fica em 0,79% em junho, maior para o mês desde 1996



Preços em alta no Rio - O Globo/11-3-2014 / Breno Salvador

RIO - A inflação oficial brasileira medida pelo IPCA ficou em 0,79% em junho, informou o IBGE nesta quarta-feira. O resultado é o maior para o mês desde 1996, quando o índice chegou a 1,19%. Segundo sondagem do Banco Central (BC), analistas do mercado financeiro esperavam que a taxa de junho ficasse em 0,74%. Já as taxas acumuladas no semestre, de 6,17%, e em 12 meses, de 8,89%, são as maiores desde 2003.


No ano, o índice já está bem perto do teto, fechando o primeiro semestre em 6,17%, bem acima dos 3,75% dos primeiros seis meses do ano passado.Em 12 meses, o índice acumula alta de 8,89%, bem acima do teto da meta estabelecida pelo governo, que é de 6,5%, é mais do que em igual período do ano passado (8,47%). O acumulado em 12 meses é o maior desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%.

Em junho de 2014, o IPCA ficou em 0,4%. A inflação encerrou o ano passado com alta acumulada de 6,41%, puxada por energia e alimentos. Em maio deste ano, o indicador ficou em 0,71%, maior taxa para aquele mês desde 2008.

O grupo Despesas Pessoais foi o que teve maior alta, de 1,63%. O item jogos de azar registrou a maior variação neste grupo, de 30,80%, exercendo o principal impacto individual no índice do mês, de 0,12 ponto percentual. Considerando maio e de junho, a alta foi de 47,50%, devido aos reajustes nos valores das apostas a partir de 18 de maio. Empregado doméstico também foi um item de destaque nesse grupo, com alta de 0,66%.

O segundo mair impacto no IPCA de junho, de 0,10 ponto percentual, veio das passagens aéreas, que subiram 29,19% no mês. O IBGE ressalta, porém, que este item tem resultados instáveis e, no semestre, acumula queda de 32,71%. O item foi um dos responsáveis por elevar a taxa do grupo transportes, que subiu 0,7%. Mas também contribuíram as altas nos serviços de conserto de automóvel (1,7%) e tarifa de ônibus urbano (0,4%). O IBGE destacou que parte desse aumento é reflexo do reajuste de 12,5% nas passagens de ônibus em Belém, em vigor desde 16 de maio.

Entre os preços monitorados, aqueles controlados pelo governo, o destaque foi a inflação da taxa de água e esgoto, que subiu 4,95% e foi o terceiro item de maior impacto sobre o IPCA. O índice reflete reajustes autorizados entre 13 de maio e 20 de junho em cidades como São Paulo, Rio, Salvador e Curitiba.

PREÇO DA ENERGIA E DOS ALIMENTOS DESACELERA

Vilã da inflação no primeiro semestre, a energia elétrica deu uma trégua em junho. O item subiu 0,06% no mês passado, após ter tido inflação de 2,77% em maio. Já a gasolina, que avançara 0,23% em maio, registrou leve deflação de 0,07% em junho.

A inflação de alimentos também desacelerou em junho. Passou a subir 0,63%, após ter chegado a 1,37% no mês anterior. Com isso, reduziu seu impacto sobre o índice pela metade, de 0,34 ponto para 0,16 ponto. Influenciaram essa taxa a trégua de alguns itens que costumam ser os vilões do IPCA. O tomate passou de alta de 21,38%, em maio, para deflação de 12,27%, em junho. Já a cenoura, passou de avanço de 15,9% para queda de 10,78%, na passagem entre esses meses. No acumulado do semestre, no entanto, esses dois itens ainda registram alta de 58,28% e 32,33%, respectivamente.

— Na alimentação, o resultado foi firme. Alta de 0,63% não é irrisório, é um grupo que tem um peso muito grande no orçamento das famílias. Não significa que os alimentos ficaram mais baratos — destacou Eulina Nunes, gerente da coordenação de índice de preços do IBGE.

Com a persistência da alta de preços, o Banco Central tem repetido o discurso de que fará o necessário para controlar a inflação. Recentemente, o Conselho Monetário Nacional (CMN) — do qual o BC faz parte —, reduziu a margem de tolerância da meta de inflação para 2017, que passará a ser de 1,5 ponto percentual para mais ou para a menos. Atualmente, esse limite é de dois pontos percentuais. O centro da meta foi mantido em 4,5%.

No dia em que a medida foi anunciada, economistas interpretaram a redução como uma mensagem ao mercado: o BC quer mostrar que está comprometido a combater a inflação. Pelas contas da autoridade monetária, o centro da meta será alcançado no fim de 2016.

Apesar das sucessivas altas nos juros — uma forma de inibir o consumo e, assim, conter preços —, o mercado financeiro continua a subir suas projeções para a inflação neste ano. O boletim Focus da última segunda-feira mostra que a mediana das previsões para o IPCA do ano subiu pela 12ª semana consecutiva. Agora, a expectativa é que o índice feche 2015 em 9,04%. Para o ano que vem, no entanto, as projeções são mais otimistas, com a inflação em 5,45%.


Fonte: Opnião sul

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