Marinha do Marrocos afasta “barco do aborto” de porto do país

Barco que auxilia mulheres a realizarem aborto seguro é impedido de atracarno Marrocos| Foto: Women on Waves/Divulgação

Da Redação

A marinha marroquina bloqueou o porto de Smir, no qual o barco holandês do grupo Women on Waves (mulheres sobre as ondas) estava prestes a atracar. O grupo tem como prática levar mulheres de países onde o aborto é ilegal até águas internacionais para realizar o procedimento.

“Eles bloquearam o porto. Podemos ver um grande navio militar em frente ao porto”, disse a ginecologista Gunilla Kleiverga à agência de notícias AFP por telefone. “Estamos pensando em um plano alternativo”, completou.

A organização sem fins lucrativos disse que foi convidada ao Marrocos por um grupo de jovens chamado Alternative Movement for Individual Freedoms (Movimento Alternativo pelas Liberdades Individuais) para informar a mulheres como induzir “abortos médicos seguros e legais”, oferecer medicação e iniciar uma discussão sobre a legalização da prática no país.

Kleiverga, entretanto, afirmou que mulheres não seriam aconselhadas ou tratadas no Marrocos, indicando que ela poderiam transportar as mulheres para fora das fronteiras marítimas do país antes de faze-lo.

“Tratamos as mulheres apenas em águas internacionais. Estamos em um barco holandês, onde se aplicam as leis da Holanda. Obviamente nós nos submeteremos às leis marroquinas e não faremos abortos no país”, disse a médica.

Kleiverga disse que, apesar de ilegal, cerca de 700 abortos são realizados no Marrocos a cada dia, muitos destes expondo mulheres a tratamentos perigosos e, às vezes, fatais.

A primeira declaração do governo sobre a viagem partiu do ministro da Saúde: “O ministério… nunca foi informado do evento e não autorizou qualquer partido ou médico que não seja residente marroquino a realizar a intervenção médica”. “O ministério conta com as autoridades competentes para fazerem o que for necessário para garantir que a lei seja aplicada.”

Rebecca Gomperts, a criadora do grupo, disse – citando informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) – que abortos ilegais levam 78 marroquinas à morte por ano.

De acordo com a OMS e o Ministério da Saúde, no Brasil, são realizados cerca de um milhão de abortos a cada ano. Por ser ilegal, a prática acaba, muitas vezes, sendo realizada sem as condições adequadas, resultando em procedimentos tão mal feitos que fazem do aborto a terceira maior causa de morte materna no País.

Com informações da Al Jazeera