domingo, 17 de maio de 2015

Conmebol elimina Boca, e River pega Cruzeiro nas quartas da Libertadores


Em julgamento neste sábado no Paraguai, clube xeneize usa caso do Corinthians em 2013 em sua defesa, mas é punido. Presidente do Tribunal avisa: "Recado está dado"








O Boca Juniors está eliminado da Copa Libertadores. O Tribunal de Disciplina da Conmebol puniu o clube na noite deste sábado por ter sido considerado responsável pela confusão que suspendeu a partida da última quinta após uma hora e cinco minutos de paralisação, em função de jogadores do River Plate terem sido atingidos por um composto de pimenta quando retornavam para o segundo tempo do confronto na Bombonera, pelas oitavas de final da competição (relembre no vídeo acima). O time xeneize, defendido pelo advogado brasileiro Eduardo Carlezzo, tem até sete dias para entrar com um recurso na Câmara de Apelações da entidade. Se nada mudar, os millonarios estão classificados para as quartas de final, onde serão adversários do Cruzeiro. A primeira partida está prevista para quinta-feira, em Buenos Aires.



Torcedores do Boca Juniors durante o clássico contra o River Plate, na Bombonera, na última quinta-feira (Foto: EFE)

O julgamento do caso foi realizado na sede da Conmebol, no Paraguai. Começou às 10h30 do horário local e durou cerca de 11 horas, com intervalos. O Boca, em sua defesa, alegou ter adotado as medidas legais de segurança exigidas pelas autoridades da argentina, incluindo a presença de 1.050 policiais, 160 seguranças privados e 125 agentes da "Prefectura Naval" (similar à Marinha no Brasil). Além disso, disse que identificou e denunciou à polícia os suspeitos do ato e usou como exemplo o episódio do Corinthians na morte de Kevin Espada, torcedor de 14 anos do San José, da Bolívia, atingido no rosto por um sinalizador durante partida em Oruro, pela Libertadores de 2013.


Na época, o clube brasileiro continuou no torneio, sendo punido com portões fechados durante a competição. Porém, a pena posteriormente foi reduzida, e a proibição de levar torcedores passou a valer apenas para jogos fora de casa por 18 meses, além de uma multa no valor de US$ 200 mil. No entanto, o tribunal considerou que os dois são casos diferentes: apesar do desfecho trágico, o episódio de dois anos atrás foi acarretado por um acidente na visão da Conmebol, enquanto o de agora é visto como algo premeditado. Além disso, o Boca foi julgado como reincidente: em 2013 já havia sido enquadrado uma vez por uso de raio laser, e no ano seguinte foram mais quatro denúncias por arremessar coisas no campo e usar objetos pirotécnicos.

Drone usado para tirar sarro do rival, lembrando o rebaixamento para a Segunda Divisão, pesou na punição (Foto: EFE)

Também pesou na decisão o fato de torcedores terem entrado no estádio com um drone - utilizado como um fantasma com a letra "b", para tirar sarro com o rival, que recentemente disputou a Segunda Divisão do país. Além da eliminação, o Boca foi condenado a disputar quatro partidas em portões fechados e não terá direito a ingressos de visitantes em outros quatro jogos, todos válidos em competições da Conmebol - Libertadores ou Sul-Americana. E ainda foi multado em US$ 200 mil (cerca de R$ 600 mil). Para Caio Rocha, presidente do Tribunal de Disciplina da entidade, a pena para o caso - o primeiro julgado pela comissão disciplinar sobre agressão física de torcedor contra atleta - foi exemplar e serve de alerta aos demais clubes participantes.

Trata-se, sem dúvida, de uma decisão emblemática, onde se aplicou severa sanção a um clube de tradição. (...) O recado está dado: vandalismo e indisciplina não são bem-vindos na Libertadores"
Caio Rocha, presidente do
Tribunal de Disciplina da Conmebol


- Trata-se, sem dúvida, de uma decisão emblemática, onde se aplicou severa sanção a um clube de tradição. Os clubes sul-americanos precisam se adaptar a esta nova fase da Conmebol, que desde 2013, com a criação do Tribunal de Disciplina, age com rigor e celeridade no que diz respeito à disciplina e moralidade do futebol. O recado está dado: vandalismo e indisciplina não são bem-vindos na Libertadores - afirmou o brasileiro, que viajou neste sábado para participar do julgamento no Paraguai.


Se não houve segundo tempo na partida de quinta, torcedores de Boca e River levaram a rivalidade para as ruas, mas a milhares de quilômetros de distância. Enquanto acontecia o julgamento, os xeneizes foram para frente a Bombonera e promoveram um panelaço. Já adeptos do time de Nuñez levaram bandeiras e acessórios para porta da sede da Conmebol, no Paraguai. A expectativa cresceu à medida em que a entidade demorou para anunciar a decisão. Veículos de comunicação da Argentina especularam bastante a respeito das possíveis sanções e era quase unanimidade que a continuidade nesta edição da Libertadores estava fora de cogitação.

Comunicado da Conmebol confirma eliminação do Boca na Libertadores (Foto: Divulgação)

O incidente

Jogo de volta das oitavas de final da Libertadores, o clássico entre Boca e River na Bombonera foi suspenso antes do começo do segundo tempo, com o placar em 0 a 0, depois que os atletas visitantes foram atingidos por gás de pimenta no túnel que levava até o gramado. Com muitos jogadores afetados pelo incômodo, o árbitro optou por paralisar a partida por mais de uma hora, antes de suspendê-la. O placar de momento já classificaria os millonarios por terem ganhado o primeiro duelo por 1 a 0. Com a eliminação xeneize, a partida terminou sem nenhum resultado.




Fonte: Globo.com

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