terça-feira, 18 de março de 2014

Justiça Militar nega pedido de soltura de PMs presos por arrastar mulher



Claudia foi arrastada por 350 metros por carro da PM após ser baleada.
Três PMs que colocaram ela no porta-mala estão presos em Bangu 8.







O Tribunal de Justiça Militar negou nesta terça-feira (18) o pedido de liberdade aos três policiais militares presos depois de arrastar pela rua uma moradora que tinha sido baleada um pouco antes, numa operação no Morro da Congonha, em Madureira, Subúrbio do Rio. Os PMs, presos em flagrante, são esperados para um novo depoimento nesta quarta (19), como mostrou o RJTV.
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Claudia Silva Ferreira, que teve o corpo arrastado por 350 metros, morreu por conta de um dos disparos pelos quais foi atingida perto de casa, na comunidade, segundo a Polícia Civil.

Após ser baleada, ela foi colocada por PMs no porta-malas para ser levada para o Hospital Carlos Chagas, onde chegou sem vida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. No meio do caminho, no entanto, a mala abriu, ela ficou presa por um pedaço de roupa ao carro, e teve parte do corpo dilacerada ao ser arrastada pelo asfalto.

Um cinegrafista amador registrou o momento em que ela é arrastada e, por conta disso, houve suspeita de que os ferimentos no asfalto poderiam ser a causa da morte. O atestado de óbito, no entanto, informa que ela foi morta por conta da "laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação perfurocortante", ou seja, devido ao tiro. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), "perícias complementares" serão realizadas.

Segundo a PM, a tranca do porta-malas não tinha defeito — o que pode agravar a punição dos três policiais que participaram do "socorro" frustrado. Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Arcanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu 8 e, na tarde desta terça, prestavam depoimento na Auditoria de Justiça Militar. De acordo com a Polícia Civil, eles foram presos em flagrante e dois inquéritos foram abertos para apurar o caso.


O advogado Marcos Espínola, que faz a defesa do policial Alex Sandro da Silva Alves, afirmou que a morte de Claudia foi um acidente. Disse ainda que o objetivo dos PMs era tentar salvar a moradora. E que ela foi colocada na parte de trás do carro porque o carro estava com armas no banco traseiro. O G1 procurou a defesa dos outros dois PMs, mas não conseguiu contato.

'Acharam que era bandida', diz filha
Thaís Lima, filha de Cláudia Silva Ferreira, disse que os policiais que estavam no local acharam que Cláudia tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. Thaís foi ao estúdio do Bom Dia Rio na manhã desta terça-feira para contar como tudo aconteceu. Ela disse que não acredita na Polícia Militar.

"Foi só virar a esquina e ela deu de frente com eles. Eles [os policiais] deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí falaram [os policiais] que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos", contou.

Segundo Thaís, os moradores tentaram impedir que a polícia levasse Cláudia do local. No tumulto, policiais teriam atirado para o alto para afastar as pessoas. Ainda segundo ela, o porta-malas do carro da PM que levou Cláudia abriu uma primeira vez na Rua Buriti, logo após o socorro feito pelos PMs.

"Um pegou ela pela calça e outro pela perna e jogou dentro da Blazer, lá dentro, de qualquer jeito. Ficou toda torta lá dentro. Depois desceram com ela e a mala estava aberta. Ela ainda caiu na Buriti [rua, em Madureira], no meio do caminho, e eles pegaram e botaram ela para dentro de novo. Se eles viram que estava ruim porque eles não endireitaram (sic) e não bateram a porta de novo direito?", questionou.
Atos contra a ação policial chegaram a fechar a Avenida Ministro Edgar Romero, próxima à comunidade, uma das mais importantes de Madureira no domingo e na segunda-feira (17) (Foto: Reprodução / TV Globo)
 
Fonte: G 1  RJ

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