quinta-feira, 11 de abril de 2013

EXCLUSIVO: Cacique Val Tupinambá concede entrevista e diz que índios só saem do Hotel Fazenda Lagoa sob ordem judicial.





Postagem e fotos Di Rusciolelli

O líder do movimento indígena, o pedagogo e Cacique Val Tupinambá, acusa o empresário e proprietário do Hotel Fazenda Lagoa, o senhor Armínio Fraga, pessoas ligadas a emissora de TV Globo e empreendedores estrangeiros, de agirem em interesse próprio adquirindo terras que são dos índios. O Cacique Val diz que eles só saem do Hotel com uma ordem judicial e, que um juiz federal mandou demolir mais de 47 casas de um assentamento indígena. Val também disse que o Hotel está fechado há mais de 8 meses, pois a própria prefeitura pode comprovar que o empreendimento não tem alvará de funcionamento e está sem licença ambiental.

Todos acompanharam aqui no Blog Atitude em Una e em alguns blogs, sites, emissoras de TV e rádio da região e do Brasil a repercussão da invasão do Hotel Fazenda da Lagoa, na região da Lagoa dos Mabaços litoral de Una no último dia 07/04.

Hoje pela tarde o Blog Atitude em Una conseguiu uma entrevista exclusiva com o Cacique Val Tupinambá, onde o mesmo nos contou detalhes da invasão e qual a razão da invasão ao empreendimento do ex-presidente do Banco Central, o empresário Armínio Fraga. 
Os índios reivindicam a demarcação da reserva Tupinambá que fica próxima à área da propriedade e se estende por Una, Ilhéus e Buararema.

Por estarmos presentes hoje no Hotel, podemos afirmar que nada foi destruído (conforme até tínhamos atualizado informações no dia 08/04), estivemos no Hotel e pudemos constatar que o imóvel está intacto e que os ocupantes não estão usufruindo o Hotel conforme alguns sites estão dizendo.

O Cacique Val, também disse ao Blog Atitude em Una que são inverídicas as informações veiculadas em alguns sites e emissoras de TV (principalmente das Organizações Globo) de que eles chegaram ao local armados e expulsaram os funcionários. O cacique disse ao nosso Blog que eles atravessaram o braço de mar a nado, chegaram pacificamente conversando com o único caseiro do imóvel, exigindo que ele recolhesse tudo o que fosse dele, se retirasse do local e avisasse aos donos do estabelecimento. Eles também disseram que não havia hóspedes nos 14 bangalôs de luxo. Os índios também informaram que o Hotel não funciona há mais de oito meses, e não há três conforme disse alguns sites por aí. Vejam aquiaqui e aqui.



Acompanhem a entrevista e fotos exclusivas de dentro do Hotel. 

ENTREVISTA
BLOG ATITUDE EM UNA: Quem é o Índio Val?

Cacique Val Tupinambá: Eu sou Cacique Tupinambá de Olivença, Vice presidente do Conselho de Caciques Tupinambá e Coordenador da POIME – Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo. 

Blog Atitude em Una: Quais os verdadeiros motivos da invasão?

Cacique Val TupinambáO primeiro motivo da invasão do hotel é que ele está dentro da área de demarcação do território Tupinambá de Olivença. Segundo, o Hotel vem fazendo seu processo de ampliação, fazendo a derrubada dos mangues, bem como outras pessoas que estão adquirindo terrenos lá (estrangeiros) e pessoas da Rede Globo. Eles derrubam os mangues alegando que os mesmos causam invisibilidade para os seus empreendimentos. Em terceiro, nós estamos em processo de demarcação territorial e o território precisa ser demarcado já. Não aguentamos mais sofrer e indo de encontro com grupo articulados de agricultores, fazendeiros e aqueles que não são fazendeiros e se agregam ao grupo para ir contra o movimento indígena. Inclusive esse hotel está embargado pelo IBAMA por causa de danos ambientais.

Blog Atitude em Una: Vocês entraram lá no hotel em que dia e horário?    

Cacique Val Tupinambá: Entramos no domingo por volta das 17h00min. Estávamos aproximadamente com 60 pessoas. Não fomos pela praia, fomos nadando pelo rio. Chegamos lá, de forma pacífica, falamos qual o procedimento que ele iria fazer, acionando aos patrões e gerentes. Dissemos também para ele, que o que fosse dele, ele levasse e o que fosse do hotel permanecesse.

Blog Atitude em Una: É verdade que houve depredação do patrimônio do Hotel Fazenda?

Cacique Val Tupinambá: Em nenhum momento houve depredação do patrimônio. Inclusive na nossa ocupação, fizemos todo o levantamento de televisores e bens permanentes do hotel. Só havia um empregado na hora que também foi conduzido de forma pacífica até a guarita. Sabemos que houve boatos, lançado pelo próprio Armínio Fraga no Fantástico, onde segundo eles estávamos fazendo cárcere privado de hospedes e funcionários. Coisas que não procedem, pois só havia um funcionário e ontem a própria FUNAI e a Polícia Federal fizeram visitas ao local e apuraram que não ocorreu isso. Minhas manifestações sempre foram pacíficas.

Blog Atitude em Una: Qual o prazo, ou o que vocês aguardam, para poder desocupar o Hotel? Quais as exigências principais para sair do imóvel?

Cacique Val TupinambáSó saímos mediante ordem judicial. Ocuparemos até essa ordem judicial chegar. Estamos com audiência no dia 19/04 em Brasília com o MPF. Queremos assim sensibilizar a Presidente da República, o Presidente da FUNAI e o Ministro da Justiça, nos recebam nessa comitiva de 350 indígenas, para que resolvam de forma imediata as questões das terras: Guarani Caiuá, Tupinambá, Tumbalálá, aqui da Bahia e a Terra Pataxó de Monte Pascoal.

Blog Atitude em Una: Obtivemos informações de que vocês já haviam invadido outra fazenda aqui da região? Por quê?

Cacique Val TupinambáNa verdade essa é a terceira reivindicação que estamos fazendo esse mês. Há outro empreendimento aqui na região, que se chama Primavera Empreendimentos, onde ocupamos a fazenda no dia 23 de Fevereiro uma fazenda. Pois esse empreendimento solicitou a um Juiz Federal que demolisse da Aldeia Indígena da região, todas as casas, uma escola estadual, um posto de saúde monitorado pela SESAI (Secretaria Especial da Saúde Indígena) e pela Funasa.

Blog: Em que região? E com quem eles conseguiram essa ordem?

Cacique Val Tupinambá: Esses empreendedores são italianos. Eles requisitaram essa demolição, o que causou um grande impacto social. A região é a do Acuípe. Eles conseguiram essa ordem com um Juiz Federal (não iremos identificar aqui o nome do juiz). O juiz é de vara única aqui em Ilhéus. Ele passou por cima do mandado de reintegração da posse da Fazenda Acuípe, que o Juiz de Canavieiras havia concedido. Como ele é vara única, por ser federal, mandou demolir as 47 casas. Passamos um ano com as pessoas em estado de calamidade, sem saneamento básico e vivendo de baixo de plástico.


Vejam as fotos:

Cacique Val Tupinambá dando entrevista ao Blogueiro Di Rusciolelli








Entrada após a Lagoa do Mabaço para ir ao Hotel Fazenda da Lagoa e a chegada já no lado do Hotel:














Recepção do Hotel, entrada, varanda e interior de alguns bangalôs, espaço de restaurante e saguão principal, área da piscina:


Recepção
Interior da recepção

Interior da recepção

Interior da recepção


Bangalô do Spa


 



































Momento em que alguns dos índios ocupantes do Hotel se reuniam e discutiam os acontecimentos  e a repercussão da invasão. Logo abaixo os índios realizam uma reza para pedir proteção:














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