domingo, 1 de abril de 2018

Marinha instaura inquérito para apurar acidente de lancha que matou turistas em Angra dos Reis



Em nota, órgão revelou que investigação pode durar três meses. Duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas na tragédia.





Polícia investiga acidente com lancha em Angra; condutor é liberado após fiança



A Marinha do Brasil afirmou neste sábado (31) que instaurou um inquérito para apurar as condições de segurança que influenciaram no acidente que matou duas pessoas e feriu banhistas na sexta-feira (30), na Ilha Grande.


O órgão informou ainda faz fiscalizações contínuas para a segurança marítima em Angra dos Reis, RJ. A afirmação é em resposta a recomendação feita pelo Ministério Público Federal (MPF) em dezembro do ano passado, que visava uma intensificação na segurança marítima no município.


Em nota, a Marinha afirmou que as investigações têm o prazo de três meses, que pode ser prorrogado, devido a complexidade do caso. A embarcação “Coutinho’s” foi apreendida e levada para a sede da Capitania dos Portos, e ficou sob a guarda da Marinha para a realização da perícia técnica.


O procurador, Igor Miranda da Silva, solicitou ao órgão, ao Ibama e a Prefeitura de Angra a intensificação da fiscalização marítima. Segundo o procurador, a prefeitura foi a única que não respondeu a solicitação e que não houve mudança.




Problema no acelerador foi informado




A polícia estuda a possibilidade de falha mecânica por falta de manutenção da embarcação. "Vamos apurar para ver se tem responsabilidade criminal por parte do proprietário da lancha", afirmou o delegado adjunto, Márcio Teixeira de Melo. Ele disse ainda que vai ser realizada uma nova perícia na próxima semana.


Segundo o delegado titular da 166ª Delegacia de Polícia, Bruno Gilaberte, o marinheiro afirmou em depoimento que já havia sinalizado para o proprietário — que também estava na embarcação no momento da tragédia — um problema no acelerador, e que este já havia sido resolvido.


O advogado do condutor afirmou que "ele é tão vítima quanto os turistas, porque ele também estava em uma lancha com falha mecânica". O condutor da lancha pagou fiança de R$ 2 mil e foi liberado na noite de sexta-feira. Ele foi autuado por duplo homicídio culposo e dupla lesão corporal culposa.



Procurado pelo G1, o proprietário da lancha informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.




Vítimas passeavam de barco




Quatro banhistas foram atropelados no acidente, que ocorreu em Angra dos Reis (RJ), na região da Ilha Grande conhecida como Lagoa Azul, na sexta-feira (30). As vítimas faziam um passeio de barco no feriado da Semana Santa. Três eram turistas de São José dos Campos e uma do Rio de Janeiro.


O grupo, de cerca de 30 pessoas, brincava na água com boias. A área do acidente é restrita às escunas, que ficam atracadas para que os turistas nadem ao redor das embarcações. O local é conhecido pelas belezas naturais, entre elas a água cristalina. Os turistas estavam tirando fotos dentro da água, em uma parte que o barco para no mar para que eles pulem da água, quando a lancha os atropelou.


O amigo de uma das vítimas, que participava do passeio, relatou o momento do acidente. "A escuna estava parada, para não bater na escuna, ele veio, tentou desviar e acelerou em cima de um grupo de 20 pessoas, que estava do lado (…) nesse momento todo mundo começou a pular, berrar, gritar e xingar ele. Depois a gente olhou, só sangue na água”, afirmou.


De acordo com a Polícia Civil, Alexandre da Silva Leite, de 43 anos, era do Rio de Janeiro e morreu no local e a mulher — identificada como Walquíria de Almeida Barros, de 29 anos — chegou a ser levada para o Hospital Geral da Japuíba, mas não resistiu aos ferimentos.


Alexandre (de óculos) morreu no local; na imagem ele aparece com Vitor, marido de uma das sobreviventes (Foto: Vitor Carvalho/Arquivo pessoal)



Walquiria Barros morreu após ser atropelada por lancha em Angra dos Reis (Foto: Facebook/ Reprodução)




Sobreviventes passaram por cirurgia




Ainda segundo a polícia, as outras duas banhistas estão internadas na unidade médica e passaram por uma cirurgia. Elas foram identificadas como Natacha de Oliveira Soares, 27 anos, e Camila Martinez Precoma, de 30 anos.


As vítimas tiveram ferimentos graves e o um dedo do pé amputado. A unidade médica informou que o estado de saúde das duas é estável e não há previsão de alta.


Uma das sobrevivente, Camila Martinez Précoma, contou em uma mensagem de áudio à mãe que a família e os demais ocupantes da escuna estavam tirando fotos fora da embarcação quando a lancha os atingiu.


Ela relembrou o momento do impacto. "Era muito grande a lancha que nos atropelou. Só lembro que ela veio de lateral, vi que ele [piloto] tentou fazer uma curva, empurrei com a mão, mas senti meus dois pés passarem na hélice", afirmou Camila.


Camila Précoma teve o dedo do pé amputado e passa por cirurgia após ter fratura exposta (Foto: Léa Martinez/Arquivo pessoal)





Médica relatou desespero






Maria Alice é de São José dos Campos (SP) estava na água conversando com as amigas Natasha e a Camilla. Ela disse que viu a lancha se aproximando em alta velocidade, mas achou que o piloto conseguiria fazer o desvio.


"Na hora eu vi que a lancha vinha em nossa direção, mas você nunca pensa que o piloto não vai desviar. Mesmo assim eu recuei levemente, então foi em uma fração de segundo que a lancha passou por nós, fazendo uma onda, seguida por gritaria. A água ficou vermelha de sangue", relembrou.




Fonte: G 1

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