terça-feira, 12 de agosto de 2014

Extermínio de PM é morte do Estado”, dizem policiais em sepultamento de tenente





O tenente Almir Ângelo é a 20ª vítima de homicídio na polícia da Bahia neste ano. Ele era lotado na 17ª CIPM e foi assassinado na noite deste sábado (9), no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Durante o sepultamento do oficial no Cemitério Campo Santo, no bairro Federação, na tarde deste domingo (10), comoção e revolta se misturaram entre os companheiros de farda que foram dar o último adeus ao colega.

Ângelo deixa filhos, um deles, acabou de ingressar na polícia e inconsolável acompanhou o sepultamento do pai. Policiais que acompanhavam o sepultamento clamavam por providências do governo e reclamaram, do que eles classificaram como “parcialidade”, da Comissão de Direitos Humanos do Estado da Bahia, que segundo eles, nunca assiste famílias de policiais mortos, mas priorizam bandidos feridos em confronto com a polícia e seus familiares.

Um policial que não quis se identificar disse que trabalha há 26 anos na polícia e nunca viu tantos policiais sendo assassinados em tão pouco tempo como está acontecendo. “Nunca vi um extermínio como esse na polícia da Bahia. Durante esses anos na polícia, a coisa mais rara era ver um policial assassinado. O governo precisa tomar uma providência, a gente precisa ter a liberdade de exercer o papel de policial. Se os bandidos não estão respeitando nem os policiais, imagina a sociedade? ”, desabafa.

Roque Santos vice-presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM), entrevistado pela reportagem do Bocão News, também destacou que a situação é grave e a quantidade de policiais assassinados no curto espaço de tempo é alarmante .

Ele apela para as autoridades governamentais. “A situação é complicada, nunca vi extermínio de policiais como esse. Estamos buscando as autoridades e conclamando os juízes das varas de jures, o Ministério Público, os desembargadores das varas criminais, a OAB, para que nos ajudem. Pois precisamos da ajuda de todas estas autoridades, que atuam diretamente com o crime. Estas entidades precisam se reunir, para que possamos traçar metas de combate a este crime”, apela.

Roque ainda desabafou sobre o significado das mortes dos policiais para o estado. “Estes mesmos policiais que estão morrendo são aqueles que fazem a segurança de todas as autoridades e quando um policial morre, significa que uma parte do estado está morrendo. Nós precisamos traçar metas para combater o crime, pois as que estão aí não estão funcionando”, avalia Santos, que atribuiu as mortes à ineficácia do sistema de segurança frente à organização do crime. “O crime se organizou e os poderes responsáveis pela segurança não se organizaram a contento, e o resultado é esse e nenhuma medida eficaz está sendo adotada”, explica.

A família do tenente irá receber uma pensão no valor médio do salário do policial. Segundo policiais presentes, nenhum representante do governo e do comando da PM procurou a família.

Fotos/fonte: Roberto Viana // BocãoNews

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