sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

PGR deve pedir informações aos EUA sobre Del Nero e Ricardo Teixeira




Intenção é juntar elementos para processar cartolas da CBF no Brasil.
Órgão vai atuar para Justiça revalidar cooperação com americanos no caso.


A Procuradoria Geral da República deverá pedir informações às autoridades americanas relacionadas às investigações já conduzidas nos Estados Unidos sobre o presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira.

Os dois estão entre 16 indiciados nesta quinta-feira (3) pela Justiça dos EUA dentro das investigações sobre a corrupção na Fifa. À noite, Del Nero se licenciou do cargo para cuidar de sua defesa.


A chefe do Departamento de Justiça dos EUA, Loretta Lynch, disse que as investigações revelaram um esquema de corrupção que já dura 24 anos, envolvendo duas gerações de dirigentes de futebol. Juntos, os 27 acusados, incluindo os 16 identificados nesta quinta, conspiraram para pedir e receber mais de US$ 200 milhões em propina, disse Lynch.

O objetivo da PGR é juntar elementos para que Teixeira e Del Nero possam ser processados no Brasil, já que o país não extradita nacionais que respondam a processo no exterior. Teixeira e Del Nero estão no Rio de Janeiro, mas se deixarem o país, poderão ser apreendidos pela Interpol, a pedido do governo americano.

O Departamento de Justiça americano cogita dividir as informações da investigação, caso as autoridades do Brasil queiram abrir um processo contra os dois. Uma das dificuldades, porém, é que, ao contrário dos EUA, o Brasil não possui legislação para punir corrupção privada, somente aquela praticada junto a órgãos públicos.

Para compartilhar provas do processo dos EUA, no entanto, a PGR vai tentar reverter uma decisão da Justiça Federal no Rio de Janeiro que bloqueou a cooperação firmada pelo órgão com as autoridades americanas. A expectativa é que o caso chegue ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde os procuradores brasileiros esperam uma decisão favorável.

Se obtiver sucesso, a PGR poderá pedir a extradição de José Maria Marín, preso em regime domiciliar em Nova York, para o Brasil.


As investigações do caso apontam que empresas de marketing esportivo pagavam propina aos dirigentes de futebol. Em troca, as empresas conseguiam os direitos de transmissão dos campeonatos. Depois, revendiam esses direitos para as empresas de mídia de todo o mundo interessadas em exibir as partidas.

Os nomes dos três últimos presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, José Maria Marín e Marco Polo Del Nero, aparecem no novo documento de acusação. No indiciamento revelado em maio de 2015, Del Nero e Teixeira eram tratados como co-conspiradores e não tinham sido identificados oficialmente.

As 240 novas páginas detalham, por exemplo, milhões de dólares em propina pagos ao então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, como parte do contrato de patrocínio da Seleção Brasileira por uma empresa americana de materiais esportivos, possivelmente a Nike, que assinou um contrato com a CBF em 1996.

Teixeira e Del Nero são acusados ainda de receber suborno pela venda dos direitos de transmissão da Copa do Brasil e também de edições da Copa América e da Libertadores da América, segundo o documento.

A operação foi realizada a pedido da Justiça americana, assim como aconteceu em maio, quando o brasileiro José Maria Marín foi preso no mesmo hotel. Marín foi extraditado para os Estados Unidos e cumpre prisão domiciliar em Nova York.

À TV Globo, Del Nero afirmou nesta quinta que ainda não tomou conhecimento do conteúdo das acusações e que tem convicção absoluta da sua inocência. Com o pedido de licença de Del Nero, o vice-presidente Marcus Antônio Vicente assume o comando da entidade. O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, não foi encontrado para falar sobre as acusações.
 
Fonte: G 1

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