Em nota, órgão revelou que investigação pode durar três meses. Duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas na tragédia.
Polícia investiga acidente com lancha em Angra; condutor é liberado após fiança
A Marinha do Brasil afirmou neste sábado (31) que instaurou um inquérito para apurar as condições de segurança que influenciaram no acidente que matou duas pessoas e feriu banhistas na sexta-feira (30), na Ilha Grande.
O órgão informou ainda faz fiscalizações contínuas para a segurança marítima em Angra dos Reis, RJ. A afirmação é em resposta a recomendação feita pelo Ministério Público Federal (MPF) em dezembro do ano passado, que visava uma intensificação na segurança marítima no município.
Em nota, a Marinha afirmou que as investigações têm o prazo de três meses, que pode ser prorrogado, devido a complexidade do caso. A embarcação “Coutinho’s” foi apreendida e levada para a sede da Capitania dos Portos, e ficou sob a guarda da Marinha para a realização da perícia técnica.
O procurador, Igor Miranda da Silva, solicitou ao órgão, ao Ibama e a Prefeitura de Angra a intensificação da fiscalização marítima. Segundo o procurador, a prefeitura foi a única que não respondeu a solicitação e que não houve mudança.
Problema no acelerador foi informado
A polícia estuda a possibilidade de falha mecânica por falta de manutenção da embarcação. "Vamos apurar para ver se tem responsabilidade criminal por parte do proprietário da lancha", afirmou o delegado adjunto, Márcio Teixeira de Melo. Ele disse ainda que vai ser realizada uma nova perícia na próxima semana.
Segundo o delegado titular da 166ª Delegacia de Polícia, Bruno Gilaberte, o marinheiro afirmou em depoimento que já havia sinalizado para o proprietário — que também estava na embarcação no momento da tragédia — um problema no acelerador, e que este já havia sido resolvido.
O advogado do condutor afirmou que "ele é tão vítima quanto os turistas, porque ele também estava em uma lancha com falha mecânica". O condutor da lancha pagou fiança de R$ 2 mil e foi liberado na noite de sexta-feira. Ele foi autuado por duplo homicídio culposo e dupla lesão corporal culposa.
Procurado pelo G1, o proprietário da lancha informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Vítimas passeavam de barco
Quatro banhistas foram atropelados no acidente, que ocorreu em Angra dos Reis (RJ), na região da Ilha Grande conhecida como Lagoa Azul, na sexta-feira (30). As vítimas faziam um passeio de barco no feriado da Semana Santa. Três eram turistas de São José dos Campos e uma do Rio de Janeiro.
O grupo, de cerca de 30 pessoas, brincava na água com boias. A área do acidente é restrita às escunas, que ficam atracadas para que os turistas nadem ao redor das embarcações. O local é conhecido pelas belezas naturais, entre elas a água cristalina. Os turistas estavam tirando fotos dentro da água, em uma parte que o barco para no mar para que eles pulem da água, quando a lancha os atropelou.
O amigo de uma das vítimas, que participava do passeio, relatou o momento do acidente. "A escuna estava parada, para não bater na escuna, ele veio, tentou desviar e acelerou em cima de um grupo de 20 pessoas, que estava do lado (…) nesse momento todo mundo começou a pular, berrar, gritar e xingar ele. Depois a gente olhou, só sangue na água”, afirmou.
De acordo com a Polícia Civil, Alexandre da Silva Leite, de 43 anos, era do Rio de Janeiro e morreu no local e a mulher — identificada como Walquíria de Almeida Barros, de 29 anos — chegou a ser levada para o Hospital Geral da Japuíba, mas não resistiu aos ferimentos.
Alexandre (de óculos) morreu no local; na imagem ele aparece com Vitor, marido de uma das sobreviventes (Foto: Vitor Carvalho/Arquivo pessoal)
Walquiria Barros morreu após ser atropelada por lancha em Angra dos Reis (Foto: Facebook/ Reprodução)
Sobreviventes passaram por cirurgia
Ainda segundo a polícia, as outras duas banhistas estão internadas na unidade médica e passaram por uma cirurgia. Elas foram identificadas como Natacha de Oliveira Soares, 27 anos, e Camila Martinez Precoma, de 30 anos.
As vítimas tiveram ferimentos graves e o um dedo do pé amputado. A unidade médica informou que o estado de saúde das duas é estável e não há previsão de alta.
Uma das sobrevivente, Camila Martinez Précoma, contou em uma mensagem de áudio à mãe que a família e os demais ocupantes da escuna estavam tirando fotos fora da embarcação quando a lancha os atingiu.
Ela relembrou o momento do impacto. "Era muito grande a lancha que nos atropelou. Só lembro que ela veio de lateral, vi que ele [piloto] tentou fazer uma curva, empurrei com a mão, mas senti meus dois pés passarem na hélice", afirmou Camila.
Camila Précoma teve o dedo do pé amputado e passa por cirurgia após ter fratura exposta (Foto: Léa Martinez/Arquivo pessoal)
Médica relatou desespero
A médica Maria Alice Pulga, amiga que prestou os primeiros socorros às vítimas, relatou os momentos de desespero do grupo após a lancha atropelar os banhistas. "Foi um desespero, uma gritaria".
Maria Alice é de São José dos Campos (SP) estava na água conversando com as amigas Natasha e a Camilla. Ela disse que viu a lancha se aproximando em alta velocidade, mas achou que o piloto conseguiria fazer o desvio.
"Na hora eu vi que a lancha vinha em nossa direção, mas você nunca pensa que o piloto não vai desviar. Mesmo assim eu recuei levemente, então foi em uma fração de segundo que a lancha passou por nós, fazendo uma onda, seguida por gritaria. A água ficou vermelha de sangue", relembrou.
Fonte: G 1
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