quinta-feira, 26 de julho de 2012

Polícia vai fazer reconstituição do caso de empresário morto por PMs




Delegado diz que presos devem participar de reprodução nesta quinta (26).
MP de SP pode denunciar os três policiais militares por homicídio e fraude.



Foto de casamento de álbum da família (Foto: Letícia Macedo/G1)Foto de casamento de Lélia e Ricardo Aquino
(Reprodução: Letícia Macedo/G1)
Pouco mais de uma semana após o crime, a Polícia Técnico-Científica de São Paulodeverá fazer na noite desta quinta-feira (26) a reconstituição do caso do empresário morto a tiros por policiais militares durante abordagem na Zona Oeste da capital paulista. A informação foi confirmada ao G1 nesta manhã pelo delegado Dejair Rodrigues, da 3ª Delegacia Seccional Oeste, que investiga as eventuais responsabilidades pela morte de Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos.

Três policiais militares que estavam na viatura que bloqueou a passagem do carro de Aquino, um Ford Fiesta, perto das 22h no último dia 18 de julho na Avenida das Corujas, no Alto de Pinheiros, e depois balearam e mataram o motorista, que estava desarmado, foram presos em flagrante pela Polícia Civil sob a suspeita de assassinato.

O cabo Adriano Costa da Silva e os soldados Robson Tadeu do Nascimento Paulino e Luís Gustavo Teixeira Garcia estão detidos no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na Zona Norte. O trio alegou, em sua defesa, que o empresário havia furado um bloqueio policial, não atendeu ao pedido para parar e foi perseguido até ser fechado por um veículo da Força Tática. Depois, disse em depoimento que só atirou porque confundiu o telefone celular que a vítima segurava com uma arma.

Segundo seus defensores, o cabo e os soldados deverão estar presentes à reprodução simulada, nome técnico dado à reconstituição, para dar essa versão acima aos peritos. “Meus clientes vão participar sim. Será uma boa oportunidade para eles esclarecerem que o que ocorreu foi uma fatalidade. Eles estavam em perseguição a um veículo e o motorista não parou apesar dos pedidos. Como estava escuro, os PMs confundiram o celular que o homem segurava com uma arma. Os policiais acharam que o motorista iria atirar neles e dispararam. Foi legítima defesa”, disse o advogado Aryldo de Oliveira de Paula à equipe de reportagem na quarta-feira (25). O defensor ainda aguarda a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) sobre um habeas corpus para que seus clientes respondam ao crime em liberdade.
saiba mais“A reconstituição será realizada nesta quinta nos mesmos horário e local que o crime ocorreu. A área será isolada para o trabalho da perícia”, disse o delegado seccional Dejair Rodrigues. “Após os trabalhos dos peritos, eles irão emitir um laudo da cena do crime que será anexado ao inquérito policial”.

Além dos peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico Científica, dos policiais militares suspeitos do crime, de seus advogados de defesa e do delegado seccional, o Ministério Público também deverá acompanhar a reconstituição.

Para o promotor Rogério Leão Zagallo, os três suspeitos presos cometeram uma execução naquela noite. Em entrevista à equipe de reportagem, ele afirmou que poderá denunciar o cabo e os dois soldados da PM à Justiça por homicídio qualificado e fraude processual. “Até este momento, a investigação da Polícia Civil indica que os policiais militares tiveram a intenção de matar, usando recursos que impossibilitaram a defesa da vítima. Eles também teriam forjado provas ao colocar uma porção de 50 gramas de maconha no carro do rapaz”, disse o promotor Rogério Zagallo na quarta.
Versão dos PMsSegundo os policiais presos, o empresário fugiu da blitz da PM porque estava transportando droga em seu automóvel. Além do celular da vítima, uma porção de maconha também foi apreendida dentro do Fiesta.

Para o promotor Zagallo, essa versão apresentada pelos policiais é ‘inviável’. “No momento, o que eles falaram parece inviável, não sendo condizente com a verdade. Principalmente quando se analisa as imagens de câmeras de segurança que gravaram parte da abordagem da PM. Nas cenas não há indícios de que o motorista desrespeitou ordem de parada até porque ele chegou a seguir numa velocidade compatível com a via e deu seta para onde estava virando. É possível que o carro dele estivesse sendo acompanhado pela PM e ele nem soubesse disso. Só se deu conta disso quando uma viatura parou à sua frente. Quando à maconha, os familiares da vítima disseram que ela não era usuária de droga”.
A publicitária Lélia Pace Prudente de Aquino, de 35 anos, afirmou na quarta que não pretende comparecer à reprodução. “Não quero ver os policiais, mas sei que algum representante da nossa família estará por lá”, disse a viúva do empresário, que está organizando uma manifestação pacífica para domingo no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul da capital paulista. “Será a caminhada pela campanha ‘Quero mais, quero paz’ para pedir mais segurança e justiça”.
Nesta quinta está prevista uma missa em memória de Aquino. O local não foi divulgado à imprensa porque os familiares querem privacidade.
RepercussãoPouco depois da morte de Aquino, o subcomandante geral da PM, coronel Hudson Camilli, disse que a ação dos policiais foi "tecnicamente correta", porém sem "justificativa legal". “No aspecto técnico, a ação deles não pode ser criticada. A ação foi feita imaginando que haveria injusta agressão contra eles, mas o indivíduo não estava armado. Portanto, existem reparos a serem feitos no aspecto legal. Não havia justificativa legal para a ação”, disse.

Para o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, os policiais que atiraram no empresário agiram de forma reprovável. “Erraram, erraram totalmente no momento em que atiraram, quando eles tinham muito mais condições, pela desproporção numérica, de abordar o rapaz e fazer com que ele saísse do veículo.”

Em nota, o governador Geraldo Alckmin lamentou tanto a morte do empresário na capital quanto a de um jovem que foi baleado e morto por policiais em Santos, no litoral. "Lamento, em nome do Estado, as mortes trágicas e injustificadas do publicitário Ricardo Prudente de Aquino e do estudante Bruno Vicente de Gouveia e Viana. A perda de vidas não pode ser reparada, mas nossa obrigação é apurar
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