Policiais brasileiros começaram a usar armas de choque e spray de pimenta para conter dependentes de crack. A distribuição dos dispositivos é uma das ações previstas no programa “Crack, é possível vencer”, do Ministério da Justiça. A utilização de força policial, incluindo armas não letais, para o controle de dependentes é controversa.
Em São Paulo, operação iniciada em janeiro pelo Estado e prefeitura foi criticada por especialistas, que defendiam foco maior em saúde. A orientação para o uso de armas de choque, chamadas de taser, é da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), ligada ao ministério. Segundo nota da pasta, a intenção é que “os policiais tenham opções menos letais, principalmente para situações em que existem aglomerados de pessoas”.
Até agora, 12 Estados estão no programa federal, totalizando R$ 62 milhões em recursos. O Rio recebeu mais recursos: R$ 9 milhões. O próximo a aderir deve ser São Paulo. Além de armas, o programa prevê treinamento de policiais e a compra de câmeras para monitorar cracolândias.
No Rio, serão treinados 200 policiais. Os equipamentos, 250 armas de choque e 750 sprays de pimenta, já chegaram, segundo a Secretaria de Segurança do Rio. Em nota, a pasta disse que as armas “serão usadas apenas em caso de extrema necessidade por agentes policiais” e que não há “qualquer estratégia repressiva de tratamento de choque para usuários”.
Os 150 homens da Força Nacional que desde maio ocupam o morro do Santo Amaro, zona sul, já usam armas de choque em ações contra viciados.
Divergências
Para a Chefe do setor de dependência química da Santa Casa do Rio, a psiquiatra Analice Gigliotti, o uso de tasers contra usuários de crack é uma prática que garante segurança aos cidadãos. Em entrevista a Folha, ela afirmou que o uso de armas de choque é  uma questão de segurança pública.
“É uma questão policial. Se legalmente ele pode usar essa arma contra uma pessoa para tirá-la do meio de uma via, por exemplo, por colocar em risco a segurança de quem trafega, ele também pode usar contra um usuário de drogas”.
Porém, o diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, Dartiu Xavier da Silveira acredita que usar armas deste tipo contra usuários de drogas é ‘abominável’.
“É absurdo, abominável. Qual a justificativa para usar métodos agressivos contra usuários de drogas? Está se supondo que ele é um agressor. Isso está fadado ao fracasso. Não se pode esperar que o indivíduo pare de usar drogas com medidas agressivas”.
Qual é a sua opinião sobre esse assunto? Deixe seu comentário no CNA
Fonte: Folha