quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Expansão de assentamentos vira polêmica durante campanha em Israel



JERUSALÉM - A expansão dos assentamentos no território palestino entrou plenamente na campanha eleitoral de Israel, a cinco semanas das eleições gerais. A chuva de condenações da comunidade internacional não parece ter surtido efeito na febre urbanística do Executivo israelense. Pelo contrário. O governo de Benjamín Netanyahu acelerou os trâmites para a construção de pelo menos 5.000 casas em assentamentos em Jerusalém Oriental. Enquanto Israel considera estratégica a construção das casas, a comunidade internacional avalia como um grande obstáculo à possível criação de um Estado palestino.
A oposição não vem apenas do exterior. Netanyahu também recebeu críticas dos partidos de esquerda e da direita israelense, que acusam o Executivo de fazer campanha a custo dos assentamentos. Lideranças políticas consideram o anúncio das novas colônias uma manobra oportunista e acusam o primeiro-ministro de tentar seduzir o eleitorado de extrema direita. Os adversários não são necessariamente contra a expansão das colônias, mas consideram provocações desnecessárias, que contribuem para aprofundar o crescente isolamento internacional de Israel.
Mais de meio milhão de colonos vivem em assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, local que os palestinos aspiram que algum dia seja a capital de seu futuro Estado. O governo de Israel acelerou a construção dos assentamentos depois que os palestinos conseguiram, em novembro, aprovação da ONU para se tornar Estado observador não membro.
Já pensando nas eleições, a opositora Tzipi Livni, líder do partido de centro Hatnua, censurou a expansão das colônias.
- O Likud (o partido de Netanyahu) expõe Jerusalém à condenação internacional com fins eleitorais - disse à rádio de Israel. Suas críticas, porém, destoam de sintonizar com a causa palestina e também com o consenso internacional.
- Eu construí em Jerusalém - disse ela, fazendo referência à sua liderança no governo Kadima, que precedeu o Executivo de Netanyahu. A diferença, segundo ela, é que "quando construímos, não houve resposta internacional, porque havia um esforço diplomático para alcançar uma solução".
Os ataques não se concentram na centro-esquerda. Habait Hayehudi, partido de extrema direita, também desprezou os planos. A legenda defende que não se deve acelerar a construção das colônias devido ao período eleitoral, mas que se deve construir sempre por considerar que Cisjordânia e Jerusalém Oriental pertencem aos judeus.
- Netanyahu tem medo da gente porque somos o partido que mais cresce. Gostaria de saber se no final essas colônias serão construídas - disse nesta terça-feira Jeremy Gimpel, candidato do Habait Hayehudi.
O partido está em terceiro lugar, segundo uma pesquisa publicada nesta semana. A maioria dos votos viriam de eleitores frustrados com a aliança entre Netanyahu e Avigdor Lieberman. Ainda assim, a aliança lidera todas as pesquisas publicadas até o momento.
Outras 2.600 casas podem ser construídas perto de Belém
Nesta quarta-feira, a Comissão de Planejamento de Israel aprovou um grande projeto de construção de 2.600 casas, perto da cidade palestina de Belém. Israel batizou o lugar de Givat Hamatos, onde residem judeus da Etiópia instalados em cerca de 20 casas. Não se trata da expansão de um assentamento estabelecido, mas da criação de um novo. O local preocupa tanto os palestinos quanto os consulados ocidentais.
- Givat Hamatos vai desconectar Belém de Jerusalém. É, além disso, uma zona de especial importância para os cristãos palestinos - disse Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Abu Eid explica que planejam pedir à Unesco a proteção dessa área, conhecida como a dos patriarcas cristãos.
Mark Regev, porta voz do primeiro-ministro Netanyahu, não disse quando começará a obra.
- Não são decisões novas, são procedimentos preliminares. Não queremos dizer que a construção começará amanhã - disse ele, lembrando que Israel considera "Jerusalém como capital e nunca prometemos que não iríamos construir na cidade".
Nesta quarta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu "encarecidamente" que Israel suspendesse a expansão dos assentamentos. Ban Ki-moon, secretário-geral da organização, pediu ao Governo que não "continuasse por essa via perigosa".
No dia anterior, quando já se sabia da aprovação dos planos desta semana, o Departamento de Estado americano criticou duramente seu aliado. A porta-voz Victoria Nuland disse que seu governo estava "profundamente decepcionado com a insistência de Israel em continuar com essa sequência de provocações".
E acrescentou: "os líderes israelenses dizem continuamente que apoiam o caminho que conduz à solução dos Estados (um palestino e um israelense), mas essas ações fazem com o que o objetivo fique mais distante
Fonte Agênçia o Globo

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