quarta-feira, 27 de novembro de 2013

México: Igreja católica investe em exorcismo contra narcotráfico e Santa Muerte




“Muitas pessoas dizem que Jesus ou a virgem Maria não podem lhes dar o que eles pedem, ou seja, proteção contra os soldados e policiais, seus inimigos”, explica especialista

O México vem travando uma batalha diária contra a violência etráfico de drogas. Para padres católicos o país está sob ataque do Satanás. Com isso, o número de padres especializados em exorcismo – prática que expulsa espíritos malignos – também vem crescendo no país, assim como o culto a Santa Muerte.

Segundo os últimos dados disponíveis, pelo menos 70 mil pessoas morreram vítimas da violência no México, incluindo criminosos, membros das forças de segurança e civis inocentes. Porém, para os religiosos a selvageria dessas ações também vem chamando atenção.

Nos últimos anos, vêm se tornando cada vez mais frequentes, emvárias partes do México, casos de crianças que acham corpos desmembrados nas ruas quando vão à escola. Ou motoristas que, enquanto dirigem, passam por pontes com corpos pendurados.

“Nós acreditamos que, por atrás de todos esses episódios, há um agente das trevas cujo nome é Satanás. Nosso Deus quer que tenhamos aqui um ministério do exorcismo e liberação, para lutar contra essa força obscura”, diz o padre exorcista Carlos Triana, da Cidade do México.

“Assim como acreditamos que Satanás estava por trás de Adolf Hitler, possuindo e dirigindo ele, também acreditamos que ele (Satanás) está por trás dos cartéis das drogas”.

Os padres exorcistas do México dizem que, nos últimos tempos, cresceu a procura por seus serviços. A demanda é tão alta que alguns deles já estão recusando atendimentos, uma vez que precisam exorcizar demônios praticamente todos os dias.

Nos casos mais raros, quando o demônio possui alguém completamente, diz ele, o bispo da diocese tem de intervir.

‘Santa Muerte’

Cultos a Santa Muerte vêm atraindo multidões no México, segundo reportagem

Na avaliação de outro padre exorcista Francisco Bautista, também da Cidade do México, a crescente demanda pelo exorcismo é parcialmente explicada pela grande quantidade de mexicanos participando do culto da Santa Muerte.

Estima-se que o culto, cujos frequentadores veneram um esqueleto vestido de noiva carregando uma foice, tenha cerca de 8 milhões de seguidores – incluindo imigrantes mexicanos na América Central, nos Estados Unidos e no Canadá.

“Esse culto foi adotado por traficantes de drogas que pediram ajuda à Santa Muerte para evitar ir à prisão e ganhar dinheiro”, diz Bautista. “Em troca, eles oferecem sacrifícios humanos. E por isso a violência vem aumentando”, explica.

Outra razão para o crescimento dos exorcismos, argumenta Bautista, é a descriminalização dos abortos na Cidade do México, em 2007. Tanto o culto quanto o aborto deixaram o México vulnerável aos espíritos malignos, insiste ele.

Culto

Culto a Santa Muerte teve maior acolhida em setores mais pobres da população

As primeiras referências à Santa Muerte surgiram no século 18 e não em tempos astecas, como muitos acreditam. Naquele período, muitos mexicanos de classe média encontraram-se na miséria. Desesperados, procuraram conforto na santa.

“Mas há oito anos, a Santa Muerte ganhou acolhida entre membros do cartel de drogas. Por quê? Porque essas pessoas dizem que Jesus ou a Virgem Maria não podem lhes dar o que eles pedem, ou seja, proteção contra os soldados e policiais, seus inimigos”, explica o jornalista José Gil Olmos, que já publicou dois livros sobre o assunto.

A reportagem da BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, visitou o maior culto da Santa Muerte, uma cerimônia anual que acontece no bairro de Tepito, na Cidade do México, um local fortemente marcado por crime e tráfico de drogas.

Ali se localiza um dos maiores santuários da Santa Muerte no México.

Ao longo dos anos, mais e mais pessoas começaram a se aproximar para pedir ajuda ou agradecer à divindade. E agora, milhares se reúnem ali para a cerimônia mais importante da veneração, que ocorre anualmente no dia 31 de outubro, véspera do Dia de Finados, no México.

Durante a visita da reportagem, algumas pessoas chegavam ao santuário ajoelhadas.

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Fonte: BBC Brasil

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