Na Bahia, Luiz Carlos Catanhede opera com a Internacional Marítima, empresa contratada pelo governo Wagner para gerir o sistema ferryboat. Participou sozinha da licitação pública e assinou contrato de 25 anos.
REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O dono da Internacional Marítima (ferryboat), Luiz Carlos Castanhede Fernandes, está envolvido no escândalo das urnas eletrônicas da família Sarney no Maranhão. Além da Internacional, Castanhede é dono da Atlântica Serviços Gerais, vencedora de uma licitação promovida pelo TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral) no valor de R$ 2.999.499 para cuidar de uma série de serviços com as urnas no dia da eleição.
Nesta quarta-feira (10), o jornal Folha de São Paulo estampa matéria de página assinada por Ricardo Mendonça, mostrando o escândalo do Maranhão. Com o título "Aliado de Sarney vai gerir urna eletrônica no Maranhão'', a reportagem mostra que Luiz Carlos Castanhede Fernandes tem vínculos com Jorge Murad e sua esposa, Roseane Sarney, governadora do Maranhão. Arremata a Folha: "Ainda há indícios da ligação de Castanhede com o próprio candidato a governador do grupo político do ex-presidente José Sarney, o senador Lobão Filho (PMDB)''.(Leia a reprodução da matéria da Folha, na íntegra, ao final)
A Folha de São Paulo informa na matéria que Luiz Carlos Castanhede foi procurado e não encontrado. O empresário, segundo o JORNAL DA MÍDIA apurou, estaria em Salvador, onde vem com frequência. Ele teria sido visto há duas semanas, inclusive, com políticos baianos. A fonte doJM, através de mensagem eletrônica pelo WhatsApp, preferiu não informar os nomes e os partidos desses políticos, se seriam do PMDB, do DEM ou do PT. Mas citou o local e o endereço do encontro.
Na Bahia, a Internacional, empresa de Luiz Carlos Castanhede, fez sua estreia no final de 2012, quando começou a prestar serviços ao governo, contratada pela Secretaria de Infraestrutura e Agerba, para a reforma dos navios dos sistema ferryboat. Nesses serviços foram aplicados recursos públicos da ordem de R$ 50 milhões, segundo balanço divulgado pelo próprio ex-secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, que é candidato ao Senado pela chapa do governo, encabeçada por Rui Costa. Sabe-se que a Internacional veio para o lugar da TWB através de um pedido do deputado Zequinha Sarney a governantes e políticos locais.
Em março de 2013, a Internacional Marítima ganhou um contrato para explorar o sistema ferryboat da Bahia, em caráter emergencial, por seis meses. No dia 19 defevereiro de 2014, a Internacional Marítima venceu a licitação para assumir o sistema por mais 25 anos. Ela participou sozinha do processo.
A despeito de não ter melhorado em absolutamente nada os serviços da travessia entre Salvador e a Ilha de Itaparica, com os ferries que ela ''reformou" quebrando constantemente e colocando em tráfego duas ou três embarcações, de uma frota se sete, a Internacional Marítima sempre é defendida pelo governo. Na propagando eleitoral gratuita, o candidato ao Senado Otto Alencar costuma destacar as ''melhorias introduzidas no sistema ferryboat", nunca percebida pelos usuários.
Além da injeção de recursos públicos no sistema, explorado por uma empresa privada, o governo da Bahia desembolsou agora R$ 54,6 milhões na aquisição de dois navios usados para reforçar a frota do sistema. A Internacional, que explora o serviço, não investiu um centavo.
Aliado de Sarney vai gerir urna eletrônica no Maranhão Folha de São Paulo.
Vencedora de uma licitação promovida pelo TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral), a Atlântica Serviços Gerais foi contratada em 28 de agosto por R$ 2.999.499 para cuidar de uma série de serviços com as urnas no dia da eleição.
A firma deverá colocar 616 empregados para fazer, entre outras coisas, transporte e armazenamento dos equipamentos, troca de máquinas com defeito, carregamento de softwares e transmissão dos resultados para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Até 2010, parte disso era feito por uma única empresa contratada pelo TSE. Neste ano, o leque de atividades terceirizadas aumentou e a contratação foi descentralizada. Cada um dos 27 TREs faz a sua.
A Atlântica pertence ao empresário Luiz Carlos Cantanhede Fernandes, que tem ligações com membros do clã Sarney, que domina a política local há décadas.
Em 2002, quando Roseana era pré-candidata à Presidência pelo PFL (atual DEM), Cantanhede ficou conhecido quando a Polícia Federal, numa apuração sobre caixa dois, apreendeu R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo na empresa Lunus, de Roseana e Murad.
Ao falar sobre a origem do dinheiro, Murad afirmou que uma parte era de Cantanhede, seu sócio numa pousada.
Já a proximidade com Lobão Filho, primogênito do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), tornou-se pública em 2012, quando um iate naufragou na baía de São Marcos, na costa de São Luís.
Cantanhede era um dos tripulantes. Após o susto, ele deu entrevista à imprensa local. Um dos veículos registrou uma fala do próprio empresário explicando que a lancha era dele e de Lobão Filho ''em cotas de 50% cada um''.
Em nota, Lobão Filho afirmou que vendeu uma lancha para Cantanhede, mas que eles nunca foram sócios.
DOCUMENTAÇÃO - Na disputa pelo contrato do TRE-MA, a Atlântica apresentou apenas o sexto melhor preço do pregão eletrônico. Três empresas com preços melhores foram desclassificadas por erros na documentação. Outras duas não confirmaram a proposta original.
A suspeição por proximidade com um dos candidatos não é a única dúvida que paira sobre o contrato firmado entre o TRE-MA e a Atlântica.
Na segunda (8), o presidente do PC do B local, Marcio Saraiva Barroso, entrou com uma representação no TSE pedindo cancelamento da licitação por "ilegalidade".
Barroso afirma que a empresa entregou um documento falso no processo licitatório para comprovar seus índices de liquidez e solvência.
O papel anexado como sendo da Atlântica Serviços Gerais é da Atlântica Segurança, uma outra empresa de Cantanhede, com outro CNPJ.
A Atlântica Segurança tem contratos com alguns órgãos do governo Roseana. O mais conhecido é o da terceirização da guarda do complexo penitenciário de Pedrinhas, no interior do Estado, palco de mais de 60 assassinatos de presos em 2013, muitos deles com tortura e decapitação.
Cantanhede não foi encontrado para comentar. O TRE-MA diz que só o timbre do papel anexado estava errado, não o conteúdo.
.jornaldamidia
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