sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Saques na época de votações importantes comprovam mensalão, diz procurador



Segundo Roberto Gurgel, "quadrilha" movimentou R$ 9,6 milhões
Roberto GurgelFabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Dinheiro foi sacado pelos acusados durante votação de projetos como reforma tributária, previdenciária e da Lei das Falências


ublicidadeO procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que está convencido de que o mensalão existiu durante o governo Lula. Para ele, a relação entre as grandes votações no Congresso e os saques realizados pelos envolvidos no Banco Rural comprova o esquema.
Gurgel disse que, sempre nas semanas de votações importantes no Legislativo, eram feitos saques de altos valores. Segundo a Procuradoria Geral da República, entre janeiro e maio de 2004, a "quadrilha do mensalão" movimentou R$ 9,6 milhões em propina. Nesse período, foram votados no Congresso projetos como os da Lei de Falências e das reformas tributária e da Previdência.
O procurador-geral da República está sustentando as acusações contra os réus do mensalão no segundo dia de julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
Gurgel narrou com detalhes o procedimento da quadrilha, indicando os dias, os locais e os valores dos saques realizados. Na semana em que o Congresso iria analisar a reforma tributária, o chefe de gabinete da liderança do PP, João Cláudio Genu, sacou R$ 300 mil da conta de Marcos Valério, considerado operador do esquema. No dia da votação, foi realizado mais um saque de R$ 300 mil. E, 14 dias depois da votação, mais R$ 100 mil foram repassados para o assessor.
Segundo a denúncia, os valores foram sacados a mando do presidente do PP, Pedro Corrêa. Ele e o assessor são réus no processo do mensalão.
PL e PTB também receberam dinheiro
Também na semana de votação da reforma tributária, o tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, sacou R$ 400 mil: R$ 200 mil antes e R$ 200 mil depois que o projeto foi analisado. O PTB também foi beneficiado com R$ 200 mil antes, R$ 100 mil no dia e R$ 300 mil depois da votação.
Para o procurador-geral da República, não há dúvidas de que o dinheiro era destinado para propina.
— Todos esses pagamentos estão documentalmente comprovados nos autos. Nenhum réu conseguiu apresentar um único argumento aceitável para explicar por que os acordos envolviam sempre a entrega de dinheiro em espécie. Não se utilizavam jamais os recursos que todos nós utilizamos em instituições financeiras. Preferiam atuar à margem do sistema financeiro nacional.
Com esses argumentos, Gurgel justifica a acusação de corrupção, ativa e passiva, que recai sobre os réus.

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