Deslizamento no bairro Quitandinha, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro
O número de mortes provocadas pela chuva na cidade de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, chegou a 17 na noite desta segunda-feira (18), segundo informações da Defesa Civil. Na manhã desta terça, os bombeiros retomaram as buscas aos desaparecidos. O número de ocorrências registradas pela Defesa Civil nas últimas 24 horas chegou a 368. Cerca de 250 agentes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil auxiliam as operações de busca por desaparecidos.
As mortes e imagens do Rio Quitandinha varrendo o centro histórico não chegam a ser novidade para a população que, há pouco mais de dois anos, foi atingida pela maior tempestade de que se tem notícia na história recente do país: entre a noite de 11 de janeiro e a madrugada do dia 12, mais de 1.000 pessoas desapareceram sob a lama, 72 delas no Vale do Cuiabá. Petrópolis experimenta agora o eco da tragédia que, no ano passado, se manifestou em Teresópolis, no feriado de 1º de maio, uma maldição que se abate de tempos em tempos também sobre Nova Friburgo. Em todos os casos, as sensações de desamparo e exposição ao acaso convergem para a situação ainda vulnerável que essas cidades enfrentam sempre que a chuva – algo anterior a todas as cidades – se anuncia no céu da região.
Reforçadas desde a tragédia de 2010, a Defesa Civil também teve suas perdas: dois técnicos que auxiliavam na retirada de moradores de uma área de risco em Petrópolis morreram num desabamento, na Vila São Joaquim, no bairro Quitandinha. Os mortos são Fernando Fernandes de Lima, 44 anos, experiente em resgates naquela região, onde já foi subcoordenador de Defesa Civil municipal, e Paulo Roberto Filgueiras, 37, técnico em enfermagem e integrante do grupo de voluntários Anjos da Serra.
A tragédia de 2010 deixou claro que o problema não é de contenção de encostas, como se gostaria, ou de aperfeiçoamento de previsões meteorológicas, apenas. Contribuem para o cenário de precariedade todas as variáveis possíveis, agravadas por um histórico de construções irregulares e com técnicas inadequadas para uma área de solo instável e sujeito a altos volumes de chuva. Diante desse quadro, a solução definitiva para a Região Serrana do Rio – como para milhares de outras áreas de risco Brasil afora – dependeria de um maciço investimento em habitação, com remanejamento de bairros inteiros.
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Fonte: Veja