A Jamp Engenheiros Associados, empresa
do lobista Milton Pascowitch, preso em maio durante a 13ª fase da
Operação Lava Jato, pagou parte de um imóvel pertencente ao ex-ministro
José Dirceu. Na tarde de desta quarta-feira (17), a assessoria do
petista informou que, em 2012, a empresa repassou R$ 400 mil aos antigos
proprietários da casa que Dirceu utilizava como escritório de
consultoria, na Avenida República do Líbano, em São Paulo. O valor
repassado pela Jamp é parte de um contrato entre a empresa e a firma de
consultoria do ex-ministro, a JD.
Operador da empreiteira Engevix e de
outros grupos, Milton Pascowitch pagou, de acordo com dados da Receita
Federal, R$ 1,4 milhão a Dirceu. A suspeita dos investigadores é de que
as consultorias foram usadas, ao menos em parte, para mascarar
pagamentos de propinas de contratos superfaturados com a Petrobras. De
acordo com o vice-presidente da empreiteira, Gérson Almada, Pascowitch
era o elo da Engevix com o PT.
Os indícios de irregularidades ou
suspeitas de lavagem de dinheiro na compra do imóvel foram levantados
porque o valor em questão não havia passado pelas contas de José Dirceu
ou da JD Consultoria. Gérson Almada disse, em depoimento prestado na 13ª
Vara Federal de Curitiba, em 17 de março, que fez pagamentos a
Pascowitch, que trabalhava para o estaleiro ERG, vinculado à
empreiteira. Os recursos, de acordo com o empresário, eram para atender o
PT.
A Polícia Federal suspeita que
Pascowitch pagava propinas no esquema de corrupção da petroleira. “O
Milton veio falar: ‘Olha, Gérson, acho que você precisa manter um
relacionamento com o partido, você precisa manter um relacionamento com
um partido, você precisa manter um relacionamento com o cliente e eu me
proponho a fazer isso”, declarou o executivo.
Almada disse ainda que Pascowitch
indicou os serviços do ex-ministro à Engevix. O executivo atestou que
Dirceu prestou serviço no exterior e era um “brilhante open door”, ou
“abridor de portas” em “vendas em toda a América Latina, Cuba e África”,
locais onde o ex-ministro “tinha um capital humano de relacionamento
muito forte”.
Outro lado
Em nota encaminhada ao Correio, no fim
da tarde desta quarta-feira, o ex-ministro, por meio de sua assessoria
de imprensa, disse refutar com veemência “qualquer ilação de prática de
crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial”. No comunicado, a
assessoria explica a negociação: “O imóvel da Avenida República do
Líbano foi adquirido, em 2012, conforme consta das declarações de renda
do ex-ministro apresentadas à Receita e em posse da Justiça Federal do
Paraná. Os antigos proprietários, intimados pela Justiça a falar sobre a
venda do imóvel, confirmaram a legalidade da negociação e o recebimento
integral no montante de R$ 1,6 milhão, conforme estabelecia o contrato
entre as partes e seus representantes”.
O político explicou que a aquisição da
casa se deu por meio de entrada no valor de R$ 400 mil e o restante
financiado em 161 parcelas mensais junto ao Banco do Brasil. “Como
corretamente aponta o relatório da Receita Federal, os R$ 400 mil não
passaram pelas contas bancárias do ex-ministro nem da JD Assessoria e
Consultoria porque foram pagos, como parte do contrato, pela Jamp
Engenharia diretamente ao então representante do espólio do imóvel, o
escritório de advocacia Leite & Rossetti”, finalizou.
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Fonte: Correio Braziliense
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