Número de pessoas atingidas pela enchente no estado chegou a 38 mil.
Decreto abrange inicialmente as cidades mais afetadas, que são 23.
Chuva alaga ruas de Alvorada, Região Metropolitana de Porto Alegre (Foto: Zete Padilha/RBS TV)
O governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori decretou situação de emergência de 23 municípios nesta segunda-feira (20), depois do agravamento da enchente provocada pela grande quantidade de chuva no estado. Segundo o Palácio Piratini, o decreto coletivo abrange as cidades mais afetadas pelas enchentes. No entanto, novos municípios podem ser incluídos na lista ao longo da semana, conforme a gravidade dos casos.
O decreto de situação de emergência permite que os municípios tenham acesso a recursos para a reconstrução das áreas atingidas de maneira mais ágil. A chuva registrada durante a madrugada desta segunda-feira (20) aumentou o número de habitantes afetados por alagamentos. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil, agora são 38.228 pessoas prejudicadas, das quais 2.713 tiveram de ser removidas para abrigos. Ao menos 63 cidades tiveram prejuízos.
Por meio do decreto, será instituído o Gabinete de Emergência, liderado pelo vice-governador José Paulo Cairoli. A assinatura dos documentos ocorrerá à tarde no gabinete do governador, no Palácio Piratini. Também haverá a primeira reunião do grupo.
De acordo com o governo do estado, foi solicitado ao Ministério da Integração o envio de 1.763 kits de cesta básica, 1.733 kits de higiene pessoal, 1.583 kits de limpeza, 2.250 kits dormitórios e 2.259 colchões. A expectativa é de que o material chegue até o fim da semana.
Região Metropolitana é afetada
Alvorada, a cerca de 20 km de Porto Alegre, é um dos lugares mais afetados. Na cidade, cerca de 6 mil pessoas estão desabrigadas. A água cobriu o bairro Americana, com o transbordamento do Arroio Feijó. Muitos moradores foram obrigados a sair de casa. Outros perderam os móveis e utensílios domésticos que tinham (veja ao lado).
“Está precária a coisa. Imagina quantas famílias perderam tudo! Tu leva uma vida inteira pra adquirir os móveis, uma casa, um bem. E do dia pra noite perde tudo”, lamenta o motorista Cláudio Rosa.
Segundo os moradores, os alagamentos provocados pelas cheias do Arroio Feijó já se arrasta há mais de 50 anos. A Prefeitura de Alvorada diz que possui um pré-projeto para a construção de um dique, que amenizaria os problemas. A obra é estimada em cerca de R$ 230 milhões provenientes do governo federal, mas que, no entanto, ainda não saiu do papel.
Só o município de Gravataí, também na Região Metropolitana de Porto Alegre, tem 9,5 mil pessoas atingidas, segundo a Defesa Civil. O Arroio Barnabé transbordou e alagou ruas na Vila Rica, deixando 840 desabrigados. A prefeitura pede que sejam feitas doações de roupas, cobertores e colchões no Ginásio Aldeião.
Em Esteio, que já decretou situação de emergência, algumas pessoas que haviam retornado para suas casas tiveram de sair novamente no domingo (19) e na madrugada desta segunda (20) em função dos alagamentos.
Segundo a Defesa Civil municipal, 300 pessoas foram levadas para abrigos no município durante a madrugada. O órgão alertou a população sobre a subida do Arroio Sapucaia. "O que choveu lá em Cachoeirinha, Canoas, nessa região, deságua na bacia final do Sapucaia. Então essa chuva extravasa nessas partes mais baixas", explicou o coordenador da Defesa Civil de Esteio, Luis Carlos Bastos Terra.
O bairro Navegantes foi o mais castigado. Quem não precisou sair de casa passou a noite acordado, torcendo para a água não chegar. "Tem lugares aí que a água está batendo no peito dentro das casas. Ninguém consegue dormir direito, ninguém fica tranquilo", disse o morador Paulo Demétrios.
Protesto em Porto Alegre
Transtornos e prejuízos também foram registrados em Porto Alegre. Na Zona Norte da capital, alguns moradores tiveram as casas alagadas. No bairro Humaitá, várias ruas ficaram debaixo d’água e os motoristas precisaram trafegar pela calçada.
O trânsito também ficou complicado nas primeiras horas da manhã. A Avenida Sertório ficou tomada pela água, e os carros precisaram passar pelo corredor de ônibus. Logo se formou um grande congestionamento.
Mas a situação mais grave ocorreu no loteamento Nova Esperança, às margens da Avenida Voluntários da Pátria. A água subiu muito rápido e alagou casas, chegando até a cintura dos moradores. “Molhou tudo, geladeira, máquina, tudo. Perdi todas as minhas coisas de novo”, lamentou a auxiliar de serviços gerais Debora Laids.
Indignados, os moradores decidiram trancar a BR-290, a freeway. A rodovia ficou com duas faixas bloqueadas por cerca de meia hora. “Estamos desde segunda-feira debaixo d’água. E nessa nossa vila a situação é muito precária. O pessoal perdeu tudo dentro de casa. E não é a primeira vez”, relatou uma das moradoras.
Fonte: G 1
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