quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tensões entre a Igreja Católica e o governo na China



Beijing – O reverendo Peter Liu Yongbin, com um microfone sem fio preso à cabeça, lançou um olhar sobre os possíveis convertidos e percorreu o beabá da fé católica romana. Apresentou uma versão resumida da árvore genealógica de Abraão, os benefícios de uma confissão frequente e um guia rápido da hierarquia da Igreja.



Tensões entre a Igreja Católica e o governo na China
Beijing – O reverendo Peter Liu Yongbin, com um microfone sem fio preso à cabeça, lançou um olhar sobre os possíveis convertidos e percorreu o beabá da fé católica romana. Apresentou uma versão resumida da árvore genealógica de Abraão, os benefícios de uma confissão frequente e um guia rápido da hierarquia da Igreja. "Pensem no papa como equivalente ao ministro numa burocracia governamental", explicou.
Fez então uma pergunta surpresa. E se a China passasse por outra Revolução Cultural, a década traumática de fanatismo maoísta, durante a qual os praticantes de religiões foram perseguidos?
"Se um membro da Guarda Vermelha puser uma faca no seu pescoço e lhe disser para renunciar à sua fé, o que você deve fazer?", perguntou a sessenta iniciandos, todos deles a poucas semanas do batizado. Após um silêncio constrangido, Liu soltou a resposta: "Nunca renuncie", disse ele, arregalando seus olhos para dar mais efeito. "Sua devoção deve ser a Deus, acima de tudo."
Tais sentimentos podem ser um pilar na fé cristã, mas eles beiram a traição na China, um país oficialmente ateu, que exige a fidelidade ao Partido Comunista. O papa pode ser um ministro em ascensão, mas, segundo o pensamento do partido, o presidente Hu Jintao é o líder supremo do catolicismo, ao menos na China.
Como sacerdote numa igreja oficialmente aprovada – em oposição à legião de congregações não oficiais ilícitas – Liu luta para deixar sua fé em equilíbrio com as determinações invasivas da Associação Católica Patriótica Chinesa, o onipotente corpo governamental que supervisiona a vida religiosa dos doze milhões de católicos romanos na China. (Estima-se que quase metade desses católicos frequente igrejas clandestinas).
Esse tipo de controle é compartilhado pelas lideranças das outras quatro religiões oficiais da China – o protestantismo, o islã, o budismo e o taoísmo – que devem responder tanto à autoridade estatal quanto às exigências de sua fé.
A woman is baptized at the Cathedral of the Immaculate Conception in Beijing. As the Roman Catholic Church tries to grow in China, it increasingly finds itself in conflict with the authorities. (© Sim Chi Yin/The New York Times)


posto por Gilmar Ribeiro às 11:48 colonia news em ação

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