Operação apreendeu documentos na casa e ONG de ex-atleta nesta terça.
Policiais apuram denúncia de desvio de dinheiro do Ministério do Esporte.
A Polícia Federal de Campinas (SP) informou na manhã desta terça-feira (31) que vai intimar a ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues para prestar esclarimentos sobre as denúncias de desvio de dinheiro do convênio firmado com o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. A ex-atleta é responsável pela organização não-governamental (ONG) Pra Frente Brasil, que recebeu do governo federal, entre os anos de 2004 e 2011, em torno de R$ 30 milhões para incentivar 18 mil crianças, adolescentes e jovens à prática de esportes. No entanto, relatório da Controladoria Geral da União (CGU) apontou que a entidade não forneceu os serviços e materiais esportivos em qualidade e quantidade que declarava.
Uma operação da PF, em parceria com a CGU, contou com a participação de 40 agentes federais e oito funcionários da Controladoria e apreendeu documentos, notebooks, pendrivers e CPUs na casa de Karina e na sede da ONG, ambas em Jaguariúna (SP), em três empresas declaradas como fornecedoras da entidade em Campinas (SP) e Pedreira (SP), na residência de um empresário e em dois escritórios de contabilidade. O material apreendido encheu três caminhonetes da PF. Em novembro do ano passado, o programa "Fantástico", da TV Globo, fez a denúncia sobre a suspeita de direcionamento de licitações para beneficiar empresas de parentes e pessoas ligadas à ex-atleta, que é vereadora em Jaguariúna pelo PC do B.
Duas empresas que foram alvo da operação em Pedreira funcionam no mesmo endereço e declararam faturamento de R$ 4 milhões. De acordo com a Polícia Federal, o imóvel não apresenta estrutura para receber os repasses declarados. Outra companhia com sede em Campinas também teve documentos apreendidos e declarou que faturou R$10 milhões com o convênio.
O delegado da PF Jessé de Almeida informou que o material apreendido será analisado em parceria com a Controladoria Geral da União.
Até a próxima semana, 16 pessoas serão chamadas para prestar depoimento. A Polícia Federal não definiu a data para fazer a intimação de Karina Valéria Rodrigues. A ex-jogadora informou ao G1 por telefone que não existe nenhum processo contra ela e somente investigações. A ex-atleta também disse que está colaborando com os trabalhos da PF.
Investigações
Entre as diversas irregularidades, segundo a Polícia Federal, apura-se a existência de vínculos entre pessoas que trabalharam para as empresas fornecedoras e a ONG, "desproporcionalidade entre o material esportivo adquirido e a estrutura física dos locais de treinamento, pagamentos antecipados de valores para fornecimentos que ocorreriam ao longo do tempo, falta de aplicação financeira de recursos não utilizados e a não localização de 1.547 bolas de futebol de campo", de acordo com nota.
Entre as diversas irregularidades, segundo a Polícia Federal, apura-se a existência de vínculos entre pessoas que trabalharam para as empresas fornecedoras e a ONG, "desproporcionalidade entre o material esportivo adquirido e a estrutura física dos locais de treinamento, pagamentos antecipados de valores para fornecimentos que ocorreriam ao longo do tempo, falta de aplicação financeira de recursos não utilizados e a não localização de 1.547 bolas de futebol de campo", de acordo com nota.
Além disso, alguns dos locais de busca são de endereços residenciais em que foram estabelecidas empresas de fachada, fornecedoras que receberam milhões de reais da ONG. Segundo a Polícia Federal, para disfarçar a fraude, a ONG mudou por diversas vezes a sua diretoria, tendo a investigação apurado que a mesma era constituída por pessoas próximas à criadora da organização, em geral parentes entre si, incluindo até pessoas de idade avançada, como é o caso de uma vice-diretora, nascida no ano de 1927.
Os possíveis crimes praticados são fraude às licitações, sob penas que podem chegar a 6 anos de detenção, além de multa, além de crimes de peculato (2 a 12 anos de reclusão e multa), e formação de quadrilha (1 a 3 anos de reclusão)
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