Profundamente polarizado, o Egito se prepara nesta sexta-feira (16)para mais um dia de tensão após a Irmandade Muçulmana convocar a “Marcha da ira” em todo o país, em protesto contra a violenta desocupação de acampamentos em praças do Cairo, que deixou 638 mortos e quase 4 mil feridos, segundo último balanço oficial.
Os manifestantes já começaram a sair às ruas da capital repletas de tanques do Exército. Segundo um porta-voz da Irmandade Muçulmana, a marcha está programa para começar após as orações de meio-dia e partirá de várias mesquitas em direção à praça de Ramsés.
De acordo com a TV estatal, o Exército está reforçando a proteção de “instalações vitais” e vários pontos do Cairo, incluindo todos os acessos à emblemática Praça Tahrir e pontes sobre o rio Nilo.
O grupo Tamarod, que convocou as marchas de oposição ao presidente deposto Mohamed Mursi e apoiou o novo governo interino, também pediu a seus seguidores que saiam às ruas para protestar contra os islâmicos e mostrar respaldo às manobras militares.
Apesar das críticas dos principais aliados ocidentais e pedidos de moderação, o governo egípcio advertiu que as forças de segurança usarão munição letal contra ataques de manifestantes a instituições públicas e a policiais.
A remoção dos acampamentos de partidários de Mursi na quarta-feira levou à revolta da Irmandade Muçulmana. Após o massacre, o grupo disse que continuaria as manifestações até derrubar o golpe militar de 3 de julho que depôs o presidente islâmico.
Embora tenha prometido uma luta pacífica, os próprios líderes da Irmandade admitiram que o derramamento de sangue de vários de seus membros havia deixado o grupo fora de controle.
Na quinta-feira, manifestantes incendiaram um prédio do governo em Gizé, cidade próxima ao Cairo onde estão os principais pontos turísticos do país, como a Esfinge e as Pirâmides. Passeatas islamistas também tomaram as ruas de Fayoum, Minya e Asiut.
Depois do pior derramamento de sangue em todo o país nas últimas décadas, o governo militar instalado declarou um mês de estado de emergência e impôs o toque de recolher do anoitecer ao amanhecer no Cairo e em outras dez províncias, restaurando os poderes do Exército de prisão e detenção por tempo indeterminado.
Posição internacional
Na manhã desta sexta-feira, Alemanha, França e Reino Unido anunciaram que seus chefes de Estado manterão contato telefônico ao longo do dia para analisar sua posição sobre o Egito. A União Europeia anunciou uma reunião diplomática de alto nível na segunda-feira para tratar o tema.
O massacre também foi condenado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que anunciou na quinta-feira o cancelamento de um grande exercício militar conjunto com o Egito.
Em resposta, o governo interino do Egito disse que as declarações do presidente americano não foram baseadas em fatos e fortalecem e incentivam os grupos violentos. Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Presidência reiterou que o Egito está enfrentando “atos terroristas”, em referência aos recentes ataques contra igrejas e prédios do governo atribuídos a partidários do presidente deposto.
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Fonte: O Globo
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