Cerca de 13 anos antes do aumento súbito dos casos de microcefalia no Brasil, uma família do município de Ituberá, no baixo sul da Bahia, desafiou o preconceito e adotou um bebê que nasceu com a malformação. Hoje, Victória Cabral Monteiro tem 15 anos de idade e acompanha as notícias do problema de saúde que tem assustado grávidas de todo o país. “Toda a reportagem que sai na televisão fala sobre o assunto e trata como doença. Ela [Victória] fica triste e me pergunta: ‘Eu sou doente?’ Para mim, não. Ela pode ter algumas limitações, mas ela pode ser o quiser”, defende a mãe Fátima Cabral Moraes Monteiro, 56.
Diante da preocupação da filha, que com tristeza assiste pela TV a aflição de pais que têm crianças com microcefalia, a família da jovem Victória decidiu procurar o G1 para deixar uma mensagem de esperança.
"Ame muito. O amor transforma. O que transformou a vida da minha filha foi o amor. As outras coisas a gente vai aprendendo", fala sobre o sentimento que possibilitou superações que pareciam inimagináveis.
Victória Cabral nasceu no dia 2 de fevereiro de 2002. Ela foi abandonada em um hospital do município de Ituberá, em circunstâncias até hoje desconhecidas. À época, uma juíza considerou importante que nos primeiros momentos de vida ela tivesse um lar. Foi, então, que a dona de casa Fátima Cabral foi procurada.
“Ela estava com baixo peso. A juíza e um advogado, que são meus amigos, me pediram para ficar com ela até que ganhasse um pesinho. Fiquei com ela e a ideia inicial era de que quando tivesse bem encaminhadinha, com um bom estado de saúde, pudesse ser adotada”, conta.
Naquela época, Fátima Cabral ainda não tinha do hospital o diagnóstico de que o bebê tinha microcefalia. Entretanto, ciente de que o perímetro encefálico da menina era menor do que o das demais crianças, decidiu levá-la para a pediatra que cuidou dos seus outros dois filhos. “Perguntei à juíza se podia levar para a pediatra dos meus filhos. Levei de imediato e ela me contou que era microcefalia. Nunca tinha ouvido falar da doença. Fui para diversos médicos em Salvador e fui tomando conhecimento do que se tratava”, lembra.
O que era para ser uma relação rápida de carinho, até que o bebê estivesse pronto para a adoção, se estendeu rapidamente para um sentimento genuíno de maternidade. “Ela tinha uma firmeza no olhar que me dizia: ‘Vai dar tudo certo’. Tínhamos uma relação muito forte. Foi uma coisa que aconteceu nas nossas vidas. Sentamos os quatro [mãe, esposo e dois filhos] e decidimos juntos o que deveria ser feito. Resolvemos aceitar o chamado de Deus”, conta Fátima Cabral sobre a decisão de adoção.
Fonte: Verdinho Itabuna
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