segunda-feira, 30 de setembro de 2013

'Em nenhum momento chamei para racha', diz jovem depois de acidente





Paulo Henrique Batista, de 23 anos, se apresentou na delegacia.
Ele afirma ter carteira de habilitação e não ter bebido.




O auxiliar de escritório Paulo Henrique de Oliveira Mota Batista, de 23 anos, envolvido no acidente que matou 6 pessoas, em Mogi das Cruzes (SP) diz que não tem responsabilidade no caso. O outro motorista está preso. “Não me sinto responsável pelo o que aconteceu porque em nenhum momento chamei para o racha. Apenas ultrapassei porque ele estava devagar na pista. Eu estava mais ou menos a 80 quilômetros por hora quando ocorreu o acidente”, afirmou ao G1 na manhã desta segunda- feira (30). O acidente aconteceu por volta da 0h30 de sábado (28).
Paulo Henrique se apresentou na delegacia em
Mogi nesta manhã
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

O auxiliar, que tem três filhos, disse ainda que é habilitado desde os 18 anos. "Nunca me envolvi em acidente. Antes de pegar a estrada e do acidente acontecer eu estava em um jantar na Vila Industrial e não bebi. Eu estava sozinho na hora que tudo aconteceu. Conhecia de vista algumas pessoas que foram atropeladas, mas não sei exatamente quem morreu".

Às 10h desta segunda e acompanhado do advogado Francisco Alves de Lima, Batista se apresentou no 2º Distrito Policial. Paulo Henrique ainda explicou o motivo de ter fugido do local após o acidente. Ele teria ficado com medo do outro motorista, Reginaldo Ferreira da Silva, de 41 anos - que dirigia embriagado e sem habilitação. “Eu moro cerca de 200 metros de onde foi o acidente e só não parei porque fiquei com medo do que podia acontecer. As pessoas podiam me linchar e o outro motorista podia também estar armado. Ele estava nervoso”, explica. Para o advogado, o jovem não tinha obrigação de socorrer as vítimas. “A obrigação do socorro não era dele, já que não foi ele quem atropleou”, diz Lima.

Sobre o acidente, Paulo Henrique diz que fez a ultrapassagem, pois o carro de Reginaldo estava quase parando na avenida. “Eu ultrapassei o outro veículo porque ele estava quase parando e à esquerda existem muitas ruas que o povo entra com tudo. Fiquei com receio de andar devagar por ali e por isso quis ultrapassar”. “Depois que ultrapassei o motorista do outro carro (Reginaldo) ficou com raiva e começou a correr atrás de mim”.

Mesmo a via sendo de linha dupla contínua, onde não é permitida a ultrapassagem, Paulo teria ultrapassado pela esquerda o outro carro. “Acho que quando cortei o motorista ficou ofendido porque depois ficou dando farol e veio correndo para cima de mim. Tudo isso ocorreu porque na hora que ele foi me ultrapassar, ele entrou com tudo na minha frente e pegou na lateral do meu carro”.

Advogado defende que jovem não tinha obrigação
de socorrer vítimas (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

O advogado alega que o carro de seu cliente é velho, de 1993, e por isso não teria condições de fazer racha. “Ele só conseguiria competir se fosse com uma bicicleta. Para fazer uma ultrapassagem é preciso que o carro esteja com um terço a mais da velocidade do outro. Se o veículo que atropelou estava a 120km/h o do meu cliente estava em média a 80km/h mesmo”, explica.

Na manhã deste domingo (29), o juiz Carlos Eduardo Xavier Brito pediu a prisão preventiva de Reginaldo Ferreira da Silva. Durante o dia ocorreram os enterros dos seis mortos no acidente - cinco homens e uma mulher- sendo três menores de idade.


De acordo com o Tenente da Polícia Militar, Kaio de Siqueira Domingues, dois carros disputavam racha na Avenida Japão, sentido bairro. A PM informou que os carros se tocaram e um deles derrapou atingindo o grupo de dez jovens que estavam reunidos.Entenda o caso
Na madrugada de sábado seis pessoas morreram em um acidente na Avenida Japão, em Mogi das Cruzes (SP). Um veículo perdeu o controle e atingiu um grupo de dez pessoas que estavam reunidas em um terreno. Após a colisão, o carro capotou. O acidente aconteceu por volta das 00h30. Carro utilizado por Reginaldo ficou destruído após acidente.

Seis pessoas morreram no local e outras três pessoas não tiveram ferimentos graves. A velocidade permitida na Avenida Japão é de 50 km/h, mas o velocímetro de um dos veículos travou em 120 km/h no momento da colisão. Uma perícia deve indicar a real velocidade em que os carros estavam.

Fonte: G1

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