Foto: Leonardo Benassatto / Futura Press
Cerca de 150 pessoas participaram nesta sexta-feira de um protesto contra a criação de vagões exclusivos para mulheres nos trens e metrôs de São Paulo. A proposta, de autoria do deputado estadual Jorge Caruso (PMDB), foi aprovada no último dia 4 na Assembleia Legislativa de São Paulo e agora aguarda sanção ou veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O deputado afirma que o objetivo do projeto é reduzir os casos de assédio sexual no transporte, principalmente nos horários de pico.
Os movimentos feministas, por outro lado, argumentam que a medida não resolve o problema e só aumenta a segregação. "A criação de um vagão exclusivo segue a lógica da culpabilização da mulher: a culpa (por um abuso) é dela, da sua roupa, da sua maquiagem. Agora, se acontecer alguma coisa, a culpa vai ser novamente dela se ela não estiver nesse vagão", disse a cozinheira Lia Godoy, 20 anos, do coletivo RUA. "Isso reforça a ideia de que o espaço público não é das mulheres, só o privado". Para a estudante Andressa Delgado, 18 anos, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), a medida não foca os verdadeiros culpados pelo problema, ou seja, os homens. "Vamos, então, criar um vagão azul para os machistas que não sabem se comportar", afirmou.
O ato contou com diversos gritos de guerra, como "só vou parar quando o machismo acabar; não quero vagão rosa, quero respeito já". Para a estudante Isa Penna, 23 anos, do grupo Mulheres do Psol, uma alternativa seria a realização de campanhas de conscientização. "Também seria muito mais eficaz treinar os seguranças do Metrô e da CPTM", afirmou. Mesmo que a decisão esteja agora nas mãos do governador, as companhias de transporte já se manifestaram contra a medida. Em nota enviada à imprensa, o Metrô e a CPTM afirmaram que "entendem que a criação de carro exclusivo para mulheres infringe o direito de igualdade entre gêneros à livre mobilidade".
Passageiras opinam
A advogada Juliana Wolf, 26 anos, e a auxiliar jurídico Ana Carolina Barros, 20 anos, que passavam pela praça da Sé no momento do protesto, disseram que "com certeza" usariam o vagão rosa. "Sabemos que existe abuso quando o trem está lotado", disse Juliana. "É horrível quando temos que ficar muito perto (dos homens)", continuou Carolina. Já a promotora de eventos Nicole Melo, 21 anos, se manifestou contra a medida. "É preciso haver respeito, independentemente de vagão exclusivo." O protesto começou às 17h, na praça da Sé, e seguiu pelas ruas do centro até o Theatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, onde foi encerrado por volta das 19h40. Policiais Militares e agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acompanharam a manifestação, que foi pacífica. Um novo ato está marcado para a próxima sexta-feira, na praça do Ciclista, na avenida Paulista, a partir das 17h.
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