Assentados em Arataca produzem e vendem mudas da Mata Atlântica
Localizado no Litoral Sul baiano, no município de
Arataca, a 505 quilômetros de Salvador, o assentamento Terra Vista é sinônimo de
preservação ambiental. As 55 famílias que vivem na área de reforma agrária
investem na produção de mudas de espécies da Mata Atlântica. Após as mudanças
impostas pelo novo Código Florestal, passaram a comercializar uma média de 30
mil mudas mensalmente. O preço da unidade varia entre R$ 2 e R$ 15. Segundo o
coordenador da Cooperativa de Produção Agropecuária Construindo o Sul do Terra
Vista, Joelson Ferreira de Oliveira, as mudas são comercializadas para empresas,
cooperativas, associações e produtores rurais. “A demanda aumentou pelo fato da
necessidade de readequação ambiental das propriedades rurais de acordo com o que
exige o novo Código”. O Terra Vista tem capacidade para produzir uma média 150
mil mudas mensalmente. Trata-se de essências de madeira de lei, como Jacarandá,
Ipê Amarelo, Pau-Brasil, Jatobá e Cedro, entre outras espécies arbóreas e
frutíferas. Oliveira explica que o trabalho com mudas vem sendo desenvolvido por
jovens e mulheres. “Além de agregar renda, para os jovens, é uma maneira de
estimulá-los”. Eles trabalham com viveiros e estufana preparação das mudas.
A preocupação com a natureza é
constante entre as famílias do Terra Vista, tanto que a Reserva Legal é de 34%
dos 913 hectares do assentamento. É na Reserva Legal que estão 400 matrizes
fornecedoras de sementes para produção das mudas. Desde o ano 2000,
aproximadamente, 100 mil mudas foram plantadas no Terra Vista. As famílias já
recuperaram 90% da mata ciliar dos rios Aliança e Lontra que passam pelo local.
Além disso, recuperaram o passivo ambiental que havia na área quando o
assentamento foi criado em 1995. No assentamento também funcionam dois centros
educacionais que oferecem cursos do ensino fundamental, profissionalizantes e de
nível superior com enfoque na agroecologia onde estudam 854 alunos. “Ainda esse
ano, devemos começar uma pós-graduação em Agroecologia”, acrescenta Oliveira. As
atividades educacionais no Terra Vista são em parceria com o Programa Nacional
de Educação na Reforma Agrária e com o Governo do Estado. Em 2012, o Terra Vista
conquistou a certificação orgânica do IBD para a produção cacaueira, cultura
desenvolvida no assentamento. Os viveiros também são certificados e constam no
cadastro do Mapa. A área de reforma agrária possui 300 hectares de cacau
orgânico e se prepara para entrar no nicho produtivo de cacau fino.
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