terça-feira, 15 de abril de 2014

Violência sexual contra crianças em portos vai crescer durante a Copa




Em meio ao vaivém de pequenos barcos e de navios estrangeiros, meninas miseráveis trocam os brinquedos e os uniformes escolares por roupas sensuais e exibem-se no cais. Vendem o corpo a turistas ou a estivadores e negociam a inocência por algum trocado. Das sucessivas violações de direitos da criança registrados diariamente nos portos brasileiros, a exploração sexual é a mais cruel e uma das mais recorrentes. Com a proximidade da Copa do Mundo e o aumento do fluxo de visitantes, entidades de defesa da infância fazem um triste prognóstico: a incidência de casos de abuso de meninos e meninas em áreas portuárias tende a crescer sem controle.

O Correio publica desde domingo (13) a série Cais do abandono, que mostra as principais violências contra crianças em terminais fluviais e marítimos. Não existem estatísticas de violações de direitos da criança nos portos. Mas os dados nacionais dão uma amostra de como a infância é desrespeitada no país. No ano passado, em todo o Brasil, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República recebeu 124 mil denúncias e 26% dos casos eram relativos a situações de violência sexual contra meninos e meninas — o equivalente a 32,2 mil casos de abuso e exploração. Essa foi a quarta denúncia mais recorrente entre as registradas pelo Disque 100, atrás somente da negligência e das violências física e psicológica.

Apesar da gravidade do problema, o repasse de recursos federais para o programa de ações integradas de enfrentamento ao abuso, tráfico e exploração sexual de crianças (Pair) no país está em queda. Em 2011, segundo informações do site Transparência Brasil, o governo destinou R$ 4,8 milhões para essa rubrica. No ano seguinte, o valor caiu à metade: R$ 2,4 milhões. Em 2013, foi registrado o mesmo percentual de queda e os investimentos chegaram a R$ 1,3 milhão.

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Fonte: Correio Braziliense

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