Os combates e bombardeios permaneciam intensos nesta quinta-feira na Síria, após a suspensão deste país da Organização da Conferência Islâmica (OCI), enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas ordenou o fim da missão de observadores no país.
Reunidos durante a noite na Arábia Saudita, os líderes do mundo muçulmano chegaram a um acordo sobre "a necessidade de se acabar imediatamente com os atos de violência na Síria e de suspender este país da OCI". Apenas o Irã xiita, principal aliado regional de Damasco, se opôs a esta decisão "injusta" de uma organização majoritariamente sunita.
A decisão foi elogiada pelos Estados Unidos, que a consideraram um sinal "do isolamento crescente do regime de Bashar al-Assad e o amplo apoio ao povo sírio e a sua luta por um estado democrático que represente suas aspirações e respeite os direitos humanos".
No terreno, os insurgentes e as forças armadas continuam travando uma batalha pelo controle de Aleppo. Os bombardeios do Exército fizeram 18 mortos, enquanto oito soldados foram mortos em tiroteios, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A violência na Síria, que já causou mais de 23.000 mortes em 17 meses, provoca o temor de um contágio para o Líbano. Neste país de equilíbrio religioso frágil, dezenas de sírios foram sequestrados por homens armados que exigem a libertação de seus companheiros libaneses xiitas feitos reféns na Síria.
Manifestantes xiitas destruíram na quarta-feira bens de sírios e bloquearam a estrada do aeroporto de Beirute.
Cinco monarquias árabes do Golfo, a Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrein, pediram que seus cidadãos deixem imediatamente o Líbano, que já foi palco de uma guerra civil entre 1975 e 1990.
Em Nova York, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ordenou nesta quinta-feira o fim da missão de observadores da ONU na Síria, mas apoiou a manutenção de um escritório político em Damasco.
"As condições para prosseguir com a UNSMIS não foram cumpridas", afirmou o embaixador francês na ONU, Gerard Araud, após uma reunião do Conselho sobre o conflito na Síria.
"A missão chegará ao fim à meia-noite de domingo", informou Edmond Mulet, do Departamento de Manutenção da Paz da ONU, à imprensa.
Neste ano, o Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de 300 observadores militares desarmados à Síria para monitorar um cessar-fogo negociado entre o enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, e Bashar al-Assad, presidente da Síria.
Mas as hostilidades cresceram e a Missão de Observação da ONU na Síria suspendeu suas patrulhas no dia 15 de junho.
Nesta quinta-feira, o número de observadores havia caído para 101, além de 72 funcionários civis. Mulet informou que o último observador deve deixar Damasco na sexta-feira da próxima semana.
Em visita a Pequim, Bouthaina Shaaban, enviado especial do presidente sírio, saudou a atitude da China e Rússia, que têm bloqueado qualquer resolução no Conselho de Segurança condenando o regime de Assad.
Já Pequim pediu aos envolvidos no conflito "que estabeleçam rapidamente um cessar-fogo para acabar com a violência e iniciar um diálogo político".
Em Damasco, o presidente sírio nomeou três novos ministros para as pastas de Saúde, Indústria e Justiça, anunciou a televisão estatal, sem informar os motivos dessas mudanças.
Após a suspensão pela OCI, a imprensa síria acusou esta organização islâmica de servir ao "projeto do Ocidente e de seus servos da região, que querem a queda do Estado sírio e um conflito religioso".
Como parte de uma viagem regional, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, chegou nesta quinta a Beirute, onde não quis se comprometer a armar os rebeldes. A crise na Síria, disse, "no aspecto militar, é da conta dos sírios".
O ministro, que já está na Jordânia, onde visitou um hospital de campanha no campo de refugiados de Zaatari, perto da fronteira com a Síria. "A posição da França é clara: acreditamos que Bashar al-Assad é o carrasco de seu povo, ele tem que sair, e quanto mais cedo, melhor", declarou.
A Jordânia abriga cerca de 150 mil refugiados sírio, o Líbano, 38 mil, e a Turquia, 62 mil.
Centenas de pessoas, a maioria mulheres e crianças, tentaram entrar, principalmente a pé, na Turquia, depois de um intenso bombardeio aéreo na quarta-feira em Azaz, uma cidade rebelde de 70 mil habitantes, perto da fronteira turca.
O ataque destruiu dezenas de casas, de acordo com um correspondente da AFP no local. A organização Human Rights Watch, que também visitou o local, identificou mais de 40 mortos, enquanto uma fonte oficial turca informou que uma centena de vítimas estão sendo tratadas na Turquia e que 15 delas não resistiram aos ferimentos.
Combates e bombardeios também foram identificados nesta quinta em vários locais na Síria. O OSDH relatou 70 mortes, incluindo 42 civis. Na quarta-feira, segundo a mesma fonte, foram 172 mortes.
A diretora das Nações Unidas para assuntos humanitários, Valérie Amos, afirmou que está tentando convencer as autoridades sírias a facilitar o acesso para que atenda mais de um milhão de sírios que estão na indigência
"As pessoas aqui estão sem saída, as padarias estão fechadas e não há mais comida", disse à AFP um insurgente do Exército Sírio Livre (ESL), responsável pela distribuição de alimentos em Aleppo.
Fonte: G 1 notíçias
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