Maputo (Moçambique) - O governo da Guiné-Bissau acusou Portugal e a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de uma tentativa de
golpe durante o último fim de semana. Uma base da força aérea próxima ao
aeroporto da capital, Bissau, foi atacada por homens armados antes do
amanhecer de domingo (21). Os militares reagiram. No tiroteio, uma
sentinela do quartel e seis rebeldes morreram.
O governo bissau-guineense declarou que o atentado foi mais uma
tentativa de golpe de estado no país, e denunciou que uma conspiração
internacional pode estar por trás do ataque. Nações da CPLP estariam
aliadas a Carlos Gomes Júnior, o ex-primeiro-ministro deposto no início
deste ano, em outro golpe. Exilado na Costa do Marfim, ele estaria
tramando a volta ao poder.
Segundo o atual governo de Bissau, a ação para derrubar o governo
interino, no poder desde a queda de Gomes Júnior, teria o apoio de
Angola, outra ex-colônia portuguesa, e também dos vizinhos Senegal e
Gâmbia. Além disso, o governo de Portugal também estaria envolvido na
trama. "Neste sentido, e daquilo que tem sido a tônica do discurso da
CPLP, de Portugal e de Carlos Gomes Júnior, essa ação insere-se na
estratégia de fazê-lo voltar, custem as vidas que custarem", disse
Fernando Vaz, ministro das Comunicações da Guiné-Bissau.
O governo do pequeno país africano diz ter informações de que o capitão
Pansau N'Tchama, que, em 2009, matou o presidente José Bernardo Vieira,
teria recebido, nos últimos tempos, treinamento militar e dinheiro de
Portugal para montar um grupo rebelde e restituir o poder a Carlos Gomes
Júnior.
O governo português lamentou, em nota oficial, a gravidade da situação
política na Guiné-Bissau, e declarou que Portugal não acredita em uma
solução militar para a crise, mas nada disse sobre as acusações de
participação na suposta tentativa de golpe. A Comunidade dos Países do
Oeste da África (Ecowas) anunciou que pretende enviar uma força de paz
de 600 soldados para ajudar na estabilização do país.
A CPLP, da qual o Brasil faz parte, também divulgou nota lamentando as
mortes na Guiné-Bissau e condenou o uso recorrente da força militar no
país. A comunidade que é apontada pelo governo de participar de uma
conspiração golpista, pediu que Guiné-Bissau privilegie o diálogo
político, para retornar à normalidade constitucional.
A Guiné-Bissau é a mais instável entre as ex-colônias portuguesas na
África. Desde a independência, em 1974, nenhum presidente
bissau-guineense conseguiu cumprir todo o mandato.
Fonte: Agençia Brasil
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