Membros dos 'Americanos Fora da Lei' costumam dar festas que varam a madrugada
O engenheiro civil Korey Donahoo, de 30 anos, perdeu as contas de quantos olhares enviesados recebeu. “Já foi bem pior. As pessoas estão se acostumando”, diz. Ele é presidente da American Outlaws (Americanos Fora da Lei), a única torcida organizada da seleção dos Estados Unidos de futebol.
A cada vez que Korey fala sobre isso, o torcedor comum de beisebol, futebol americano ou basquete, os esportes mais populares por lá, não entende nada. Quando comenta os planos de viajar para o Brasil, então...
Os torcedores já têm três voos fretados (e lotados) para a Copa de 2014. Cada um pagou cerca de R$ 10 mil por passagem, transporte terrestre e hospedagem em cidades diferentes.
“Há lista de espera grande. Dá quase para lotar outra aeronave”, diz Korey, ao DIÁRIO.
Apesar de o “soccer” (como é chamado o futebol no país) estar longe de ser o esporte mais querido, o crescimento é nítido. A American Outlaws tem seis mil sócios que pagam mensalidade. Desde 2007, comparecem a todos os jogos da equipe norte-americana. Não importa o lugar. “Acho que a viagem mais surreal foi para Antígua e Barbuda. Lá, foi... diferente”, completa Luis Arguero, também filiado à organização.
Yankees, go home!/ Apenas na campanha atual das Eliminatórias, os fãs conheceram Guatemala, Jamaica, Antígua e Barbuda e México. No Mundial de 2010, cerca de 400 ianques foram até a África do Sul para torcer pela seleção, que chegou às oitavas de final. No Brasil, daqui a dois anos, a esperança é de que serão quase mil.
“Não temos número fechado porque estamos recebendo cada vez mais gente interessada em ir conosco. Quanto mais, melhor”, diverte-se Korey.
Em algumas excursões, a hostilidade no estádio é latente. Na Jamaica, tiveram de ficar separados dos fãs adversários por uma grade de ferro — algo considerado normal no futebol sul-americano, mas impensável na cultura dos esportes americanos. O clássico grito de “Yankees, go home!” (“Ianques, vão para casa!”) também aparece. Menos intensamente do que no passado, mas segue vivo.
O crescimento da torcida está ligado ao comportamento de seus membros antes dos jogos. Costumam dar festas que varam a madrugada. Fazem churrasco na porta do estádio (prática chamada nos EUA de “tailgating”), reunindo milhares de fãs. No Brasil, pretendem fazer exatamente as mesmas coisas.
QUEM SÃO ELES?
Fundação: 2007
Membros: 6 mil, espalhados por Estados Unidos, América do Norte
e Europa
Subsedes nos EUA: 70
Valor do pacote para a Copa de 2014: US$ 5.400 (cerca de R$ 11 mil)
HistóricoComeçou na cidade de Lincoln, em New England, em 2007, com um pequeno grupo de torcedores apaixonados pelo “soccer”, realizando festas em bares antes dos jogos da seleção norte-americana. Quase um ano depois, virou uma entidade sem fins lucrativos.
Regra mais importante da torcida é: ‘não seja um idiota’
O site da American Outlaws (theamericanoutlaws.com) possui um código de conduta para os torcedores, com poucas regras, em texto mais bem-humorado do que qualquer outra coisa.
“A parte mais importante é: ‘não seja um idiota’”, explica o presidente, Korey Donahoo.
O motivo é evitar que a torcida organizada, reconhecida pela Federação dos EUA, seja foco de hooliganismo — termo referente aos “hooligans”, como são conhecidos os torcedores violentos.
“Os membros da American Outlaws são apaixonados. Queremos que as pessoas sejam apaixonadas pela seleção sem serem violentas, odiosas, discriminatórias e racistas”, diz o presidente, repetindo texto que deve ser aceito por todos os membros.
A federação separa um setor no estádio para a organizada. Geralmente, atrás dos gols. Qualquer um pode se juntar a eles (mesmo que não seja filiado), contanto que esteja disposto a ficar de pé o tempo inteiro e cantar durante os 90 minutos. Nada muito diferente do Brasil, mas que, no padrão norte-americano, é pouco usual. Nos esportes profissionais do país, é comum o espectador sair no meio de um dos tempos para comprar cachorro-quente ou cerveja. Na American Outlaws, isso é inadmissível.
Para melhorar o clima no estádio e aumentar o incentivo à seleção, a federação ainda oferece descontos nos ingressos para os filiados da torcida fora da lei.
Mundial no Brasil seria Santo GraalOs membros da American Outlaws cresceram sem parar desde 2007, quando a torcida foi fundada, em parte porque estão sempre visíveis. Não deixam de comparecer a nenhuma partida. Essa fidelidade chama a atenção na comunidade do futebol, que cresce no país. Há também um senso de união porque estão sempre promovendo celebrações nos dias anteriores aos jogos ou mesmo horas antes dos duelos.
Nas viagens para outro países, quase sempre eles passam mais de um dia hospedados para conhecer o local e já visitaram diversos lugares diferentes. Não tenha dúvida de que comparecer ao Brasil, durante a Copa do Mundo, será uma espécie de Santo Graal para eles. Mesmo sem competir com futebol americano, beisebol ou basquete, há o aumento significativo do interesse no “soccer”, especialmente porque os Estados Unidos têm sempre se classificado para os Mundiais e realizado boas campanhas. A American Outlaws é uma consequência disso.
Fonte: Rede Brasil de notiçias
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