DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello
rejeitou nesta segunda-feira (1º), durante o julgamento do mensalão, a
tese da defesa de que houve caixa dois de campanha,
"Essa corrupção não visou cobrir simplesmente cobrir deficiências de
caixa dos diversos partidos envolvidos na espécie, mas sim a base de
sustentação para aprovar-se, sofrendo com isso a própria sociedade
brasileira, aprovar determinadas reformas", disse.
O ministro afirmou que o objetivo dos repasses do valerioduto aos
partidos para compra de apoio político para votar a favor do governo no
Congresso, como a reforma da Previdência.
"O que houve, ao meu ver, foi a busca de uma base de sustentação." O
ministrou ainda disse que os envolvidos no esquema utilizaram "muito mal
a prata, talvez por se tratar de dinheiro fácil."
Marco Aurélio, que acumula uma cadeira no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), disse que recentemente, por conta da divisão do fundo
partidário, ficou claro que partidos lutam "com unhas e dentes" por
recursos.
VOTOS
Com o voto de Marco Aurélio nesta segunda-feira (1º), a maioria do STF
absolveu o sócio da corretora Bônus Banval Breno Fischberg da acusação
de formação de quadrilha.
Ele é sócio da Bônus Banval, corretora apontada pelo Ministério Público
como responsável por lavar mais de R$ 10 milhões do valerioduto.
Fischberg ainda é acusado de lavagem de dinheiro --tendo quatro votos pela condenação e quatro pela absolvição.
Marco Aurélio condenou 9 réus ligados ao PP, PTB, PL (atual PR) e PMDB
por corrupção passiva e absolveu todos os 13 acusados de lavagem de
dinheiro nesta parte da acusação.
Ele considerou culpado de corrupção passiva: o ex-deputado Pedro Corrêa
(PP-PE), o ex-assessor do PP, João Claudio Genu, o deputado Valdemar
Costa Neto (PR-SP), o ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, o ex-deputado
Bispo Rodrigues (PL-RJ), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o
ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), e o ex-deputado José Borba
(ex-PMDB).
Ele condenou por quadrilha Pedro Corrêa, Genu e Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval.
NÃO É CAIXA DOIS
Na última sessão do julgamento no Supremo, Joaquim Barbosa e os
ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes deixaram claro que, para eles, a
compra de votos era o objetivo do mensalão.
Ayres Britto ainda não votou, mas em dois apartes expressou concordância com a tese.
As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia condenaram os líderes políticos
acusados de corrupção passiva, mas preferiram não entrar no mérito da
discussão sobre a compra de apoio parlamentar.
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, caracterizou o
esquema como um sistema de pagamento de dívidas eleitorais por meio de
caixa dois, dando razão aos réus do mensalão.
Fonte: Folha de São Paulo
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