Astro de "007 - Operação Skyfall" fala sobre o filme ao lado de Barbara Broccoli, produtora da série
Não se passou uma semana da comemoração dos 50 anos de James Bond no cinema e a nostalgia já ficou no passado. Na conversa que tiveram pela internet nesta quinta-feira (11) com jornalistas brasileiros, desde Nova York, a produtora Barbara Broccoli e o astro Daniel Craig só tinham olhos para "007 - Operação Skyfall", novo capítulo da franquia, que estreia no Brasil no próximo dia 26.
Bem-humorada, a dupla até falou do Brasil. Ao ser perguntado se o espião trocaria o martini por caipirinha se viesse ao país, Craig não se fez de rogado. "Eu sei que Daniel Craig gosta de uma caipirinha", disse o ator, aos risos. "Adoraria fazer um filme de Bond no Brasil, embora ainda não haja nada muito certo em relação ao próximo filme."
Filha de Albert Broccoli, produtor que descobriu Sean Connery e levou Bond para as telas até sua morte, em 1996, Barbara Broccoli acompanhou de perto a filmagem de todos os capítulos da série, inclusive "007 Contra o Foguete da Morte" (1979), que teve cenas rodadas no Rio de Janeiro. "Tomei várias caipirinhas quanto estive aí", disse ela. "Nos divertimos filmando no Brasil, certamente seria a favor de voltarmos."
Os dois se desculparam por ainda não poder mostrar a versão final do novo longa, dirigido por Sam Mendes ("Beleza Americana", "Foi Apenas um Sonho"), recém-finalizado. "Se isso faz vocês se sentirem melhores, nem eu assisti", disse Craig, que encarou o papel de Bond pela terceira vez, depois de "Cassino Royale" (2006) e "Quantum of Solace" (2008).
O intervalo de quatro anos entre um filme e outro não foi proposital. "Skyfall" entrou em pré-produção ainda em 2008, mas foi para a geladeira, já que o estúdio MGM, enfrentando sérios problemas financeiros, pediu falência. O projeto só voltou a sair da gaveta no final de 2010. Craig, no entanto, encara a espera como um fator positivo.
"Ironicamente, acho que ajudou bastante. Tivemos mais tempo para nos preparar, para deixar o roteiro em ótima forma antes das filmagens. Pude descansar um pouco e fazer outros filmes, o que foi muito divertido. Mas acabam de me dizer que não posso ficar tanto tempo de folga de novo."
Na nova história, uma missão na Turquia termina de forma trágica e Bond é declarado morto. Nesse meio tempo, as identidades de todos os agentes infiltrados em organizações terroristas são expostas e a sede do MI-6, o serviço secreto britânico, é atacada. A habilidade de M (Judi Dench) para comandar a organização passa a ser questionada pelo governo, representado por Ralph Fiennes, enquanto 007 sai na captura de Raoul Silva (Javier Bardem), o novo vilão, que deve surpreender com informações do passado de M.
Craig e o diretor Sam Mendes possuem uma relação antiga. Antes um profissional do teatro londrino, Mendes dirigiu o ator em um de seus primeiro trabalhos, uma montagem de "O Jardim das Cerejeiras", de Tchecov. Mais tarde, no cinema, Mendes o convidou para o papel de vilão em "Estrada para Perdição", que acaba de completar dez anos.
"Nós dois mudamos muito (desde 'Estrada para Perdição')", conta Craig. "Ele é um diretor incrivelmente comprometido. Na conversa que tivemos já há algum tempo, percebemos o quanto éramos grandes fãs de Bond, e essa foi a chave. Você pode adorar as histórias e a ideia de fazer um filme de Bond, mas a paixão é que faz a diferença. Foi uma jornada incrível. Disse para Sam antes de começarmos: nada nos prepara para isso. É o dobro da pressão, várias unidades filmando ao mesmo tempo, há os efeitos especiais... É preciso encarar de frente e ele o fez com brilhantismo, produziu um filme lindo."
A julgar pelos trailers e pela música-tema gravada por Adele , "Skyfall" a princípio parece remeter ao estilo consagrado do personagem – há até a volta de Q, cientista responsável por fornecer as bugigangas do espião. Barbara Broccoli admite que as origens nunca deixaram de nortear a série.
"Sempre foi muito importante para a franquia que o personagem fosse bastante fiel ao jeito que Fleming o escreveu. Com Daniel, voltamos ao primeiro livro, 'Cassino Royale', e continuamos por esse caminho, uma combinação do Bond clássico com uma abordagem contemporânea."
Esse estilo clássico pressupõe também uma abordagem mais leve, com toques de humor, que Craig, até então, não deixava transparecer – em "Cassino Royale" e "Quantum of Solace", não havia espaço para sorrisos e só dava a carranca do ator. Desta vez, será diferente.
"Nos primeiros dois filmes era importante contar uma história, o que acho que fizemos muito bem", diz o protagonista. "Este é mais aberto, temos frescor, novos personagens. Na verdade, não sou um piadista, um comediante stand-up, mas encontramos um bocado de humor nesse filme. Foi uma alegria fazer, porque é real, mas engraçado. O humor vem da tensão das situações, as risadas são um alívio."
A postura do agente em relação às mulheres – as "bondgirls" da vez são Naomie Harris e Bérénice Marlohe – também se mantém.
"As coisas mudaram muito", comenta Craig, lembrando o avanço da presença feminina na sociedade, "mas gosto de pensar que Bond continua um pouco chauvinista, o que cria uma dinâmica interessante com mulheres fortes. Brincamos com isso, e espero que eu e Sam tenhamos criado algo interessante, que talvez levante algumas questões."
De uma versão loira improvável de James Bond até se tornar a encarnação favorita do herói para alguns fãs, Daniel Craig já viu e ouviu um bocado. Hoje, diz não se preocupar muito em criar o espião. "Sou um grande fã de filmes de ação, blockbusters com explosões e tudo mais, mas os melhores são os que têm um elemento humano, em que a gente gosta de estar na companhia do personagem, se emociona quando ele emociona. Deixo o personagem se desenvolver, não conheço nenhum outro jeito, é por aí que eu vou."
"Sei o quanto gosto de fazer isso, o quanto me divirto, e é um grande privilégio", conclui.
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