Um
software nacional que bloqueia ligações de celulares em presídios foi
instalado em sigilo no Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes,
na Grande São Paulo. (Veja ilustração abaixo)
Ele funciona desde 18 de outubro e até
agora seu aproveitamento foi de 100%, segundo relatório que está em
poder do governador Geraldo Alckmin e foi obtido com exclusividade pela
Folha.
Os testes tiveram autorização da
Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Celulares são uma
grande arma para o crime organizado agir de dentro das prisões. Os
funcionários da penitenciária sabiam que o equipamento havia entrado em
operação. Os presos, não.
O dispositivo não interferiu em celulares fora da prisão – problema verificado em testes com outros aparelhos.
Com ligações incompletas, houve várias
tentativas de chamados para os SACs (Serviço de Atendimento ao Cliente)
das operadoras, para tentar descobrir o motivo. Somente para o SAC da
TIM, foram 23 tentativas nos três primeiros dias.
Chips
Segundo
o relatório, foram detectados nos primeiros nove dias de testes 1.513
chips dentro da prisão, que abriga 2.042 detentos. O número inclui os
aparelhos de 264 agentes e funcionários, bem como das visitas, todos
bloqueados.
O sistema (ou software) bloqueia
qualquer tipo de celular, seja de tecnologia comum, 3G ou rádio
(Nextel), e é produzido pela empresa Innovatech.
Desde 2006, a SAP faz testes com um outro equipamento, de uma companhia de origem israelense, a Suntech.
As duas travam uma batalha nos bastidores por eventual distribuição dos equipamentos ao poder público.
O nacional tem custo estimado em R$ 600 mil por unidade; o outro, R$ 1 milhão.
“Sugador”
O bloqueador nacional funciona a partir
da estrutura de um “amplificador” de sinal de celular, um equipamento
geralmente usado em fazendas e lugares ermos.
O software inverteu esse “amplificador”, transformando-o numa espécie de “sugador” ou “ímã” de ligações.
Qualquer aparelho ligado que adentrou o
perímetro do CDP de Mogi, ou que já estava lá dentro e foi ligado, foi
identificado imediatamente.
Se o aparelho faz uma ligação, o sistema
deixa que ela seja feita, mas não que seja completada. Também
identifica dia e horário, o número para qual chamou e quanto tempo durou
a tentativa.
Não permite ainda que ligações de fora para dentro do presídio sejam completadas.
Por meio de sua assessoria, a SAP
informou que não pode prestar qualquer tipo de informação sobre os
testes. A justificativa é que o protocolo de intenções, firmado entre a
pasta e uma empresa do ramo, possui cláusula de confidencialidade.
Innovatech e Suntech não quiseram se manifestar.
Interceptações
O presidente do Sindicato dos Agentes
Penitenciários de São Paulo, Daniel Grandolfo, confirmou os testes, mas
disse ser contrário ao bloqueio em todos os presídios paulistas.
“As interceptações feitas com
autorização judicial já salvaram muitas vidas de agentes e policiais.
Não dá para ficar sem informação do crime organizado. Se todos os
presídios forem bloqueados, não saberemos quais são os próximos passos
desses criminosos”.
Veja o infográfico e deixe o seu comentário no CNA
Fonte: Folha
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