segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Mulheres cristãs devem usar véu para evitar estupro, diz líder egípcio


Um pregador salafista radical, defensor da polícia ‘anti-vice’ chocou os egípcios quando apareceu na televisão no horário nobre para exortar as mulheres a usarem o véu e assim evitar que sejam estupradas.
Os comentários do pregador foram refutados pelo chefe islâmico legal do país, que os considerou como “idiota”.
“Uma vez alguém me perguntou: Se eu chegar ao poder, deixaria que as mulheres cristãs permaneçam sem véu? E eu disse: se elas querem ser estupradas nas ruas, então elas podem”, disse o pregador Hisham el-Ashry, considerado extremista, em um programa de horário nobre na TV Nahar, na semana passada, de acordo com a Reuters.
El-Ashry, é fundador da ‘Promoção da Virtude e Prevenção da Autoridade Vice’, também sugeriu no programa de televisão que o Egito implemente “polícia anti-vice”, que significa que as autoridades percorram as ruas e se assegurem que os civis estejam seguindo a lei islâmica.
O pregador disse que a introdução de polícia anti-vice “não era uma coisa ruim”, acrescentando: “Para o Egito se tornar plenamente islâmico, o álcool deve ser proibido e todas as mulheres devem andar cobertas”.
Como aponta a Reuters, embora os comentários El-Ashry pareçam alarmantes, muitos egípcios reconhecem que ele é um extremista e não o levam a sério.
Porém, o fato fez com que o Grand Mufti Ali Gomaa do Egito, consultor sênior da lei islâmica, condenasse a fala do pregador. ”Este tipo de pensamento idiota é aquele que procura desestabilizar ainda mais o que já é uma situação tensa”, disse Gomaa à Reuters em um artigo separado.
“Eruditos religiosos do Egito há muito tempo orientaram a população a agir de formas que estejam em conformidade com seus compromissos religiosos, mas nunca pensaram que isto exigisse qualquer tipo de policiamento invasivo”, acrescentou Gomaa.
Conflitos
As tensões entre coptas e muçulmanos no Egito estão em alta, à medida que uma Constituição recém-aprovada, criada por uma maioria muçulmana, supostamente fornece muito poder aos legisladores islâmicos e sufoca as liberdades civis.
Enquanto os relatórios diferentes indicam que os coptas estão fugindo do Egito, com medo de seu governo opressor muçulmano, líderes religiosos estão incitando os coptas a não temerem as mudanças que o país pode sofrer.
“Não tenham medo”, disse o líder cistão (uma espécie de Papa do país), Tawadros II, aos presentes em uma missa de Natal, no dia 6 de janeiro. ”Mesmo que os seres humanos sintam muito medo, lembre-se que Deus cuidará de você. Esta é uma mensagem coletiva porque o medo é contagioso [...] Esta é uma mensagem de tranquilidade”, acrescentou.
Enquanto muitos dão atenção a mensagem de Tawadros, outros temem pelo futuro do Egito, pelo país estar oscilando de um estado moderado para um estritamente islâmico.
“Nós, cristãos, não temos medo”, disse Nasser Abu Ghaly, professor em Shubra, à Agência de Notícias Assíria Internacional. ”Mas estamos preocupados com nossas crianças e famílias. Em qualquer caso, como coptas e egípcios temos direito de orar ao nosso Deus”, acrescentou.
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Fonte: TCP

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