quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Projeto do Afródromo é alterado e desfile é garantido no carnaval 2013




Organização definiu que acontecerá um desfile no domingo de carnaval.
Secretário Municipal de Turismo disse que projeto vai acontecer em 2014.


Coletiva do Afródromo (Foto: Ida Sandes/G1)
Coletiva do Afródromo (Foto: Ida Sandes/G1)
Após ter sido inviabilizado pela prefeiturapara o carnaval de 2013, o projeto do Afródromo foi alterado e irá acontecer ainda este ano, no domingo de carnaval. A prefeitura havia cancelado o apoio ao projeto por conta de dificuldades operacionais.
Em coletiva na tarde desta terça-feira (15), no Museu du Ritmo, no bairro do Comércio, na capital, os organizadores definiram que, em vez de três dias de festas na Cidade Baixa, será feito um desfile no circuito Osmar, no Campo Grande, a partir das 11h do domingo de carnaval, com a presença dos participantes da Liga dos Blocos Afro.
Durante o evento, Vovô do Ilê, que é um dos organizadores do projeto, comentou que a ideia partiu da necessidade de criar oportunidades para as entidades afro na festa. "O carnaval está precisando de mudanças, precisamos de alguma coisa nova. Foi uma proposta muito positiva, nos não queremos mudar o carnaval de Salvador, só queremos acrescentar", pontuou.
Carlinhos Brown, idealizador do projeto, acrescentou que "isso não é só um movimento de música. Envolve artistas plásticos, costureiros, valorizar as produções locais". Os organizadores do evento prometem criar uma identidade visual ao desfile, que será comandado por Brown e acompanhado pelas alas de canto dos blocos afro e afoxés participantes em um trio elétrico. Cerca de 200 percussionistas vão fazer parte do desfile.
Os organizadores do Afródromo estimam a participação de cerca de 8 mil pessoas no desfile, entre integrantes dos blocos afro e foliões que queiram adquirir as fantasias, que serão comercializadas pelas entidades participantes do "blocão" ou "comboio africano", como denominou Brown. Segundo Alberto Pitta, autor das estampas e indumentárias que as entidades vestirão, não haverá cordas. "O público naturalmente vai saber separar".
Coletiva do Afródromo (Foto: Ida Sandes/G1)Coletiva do Afródromo (Foto: Ida Sandes/G1)
Carnaval de 2014
Um termo de compromisso foi assinado pelo secretário municipal de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, e por representantes de entidades afro para que o projeto original, que previa  a realização do evento em três dias em um novo circuito, aconteça em 2014.

O secretário elencou os principais motivos para que o projeto original não fosse realizado este ano. "O primeiro elemento que foi um entrave do patrocínio que estabelecia que em qualquer circuito do carnaval, o patrocinador teria que aparecer e expor sua marca", disse. Além disso, apontou questões que envolvem a estrutura da festa, principalmente os custos e a logística com segurança, trânsito, saúde e limpeza, que não estavam previstos nos planos orçamentários da Prefeitura.
Carlinhos Brown acrescentou que "o carnaval da Bahia cresceu e precisa de estrutura para isso. Não tem espaço para a gente lá em cima [nos demais circuitos]". Segundo ele, um novo circuito poderá trazer visibilidade para a forte cultura negra que existe na capital.
Presidente do bloco afro Muzenza, Jorge dos Santos pontuou que "os blocos afro são impedidos de desfilar mais cedo no carnaval porque hoje a lógica do carnaval é a de ganhar dinheiro. A partir do Afródromo conseguimos um espaço para mostrar nossa beleza no carnaval".

Estiveram presentes na coletiva o músico Carlinhos Brown, idealizador do Afródromo, o presidente da Liga dos Blocos Afro, Alberto Pitta, Vovô do Ilê Aiyê, o secretário de Cultura da Bahia, Albino Rubim, Guilherme Bellantini, Secretario de Desenvolvimento, Turismo e Cultura de 
Salvador, Aguinaldo Silva, presidente dos Filhos de Gandhy, Gilson Freitas, presidente da Timbalada, Carlos Amorim, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Miguel Arcanjo dos Santos, do Malê de Balê e Jorge dos Santos, presidente do bloco Muzenza.Já Agnaldo da Silva, presidente dos Filhos de Gandhy, lamentou o fato do projeto original não ter sido viabilizado este ano. "É uma tristeza o projeto não sair na sua totalidade este ano. É uma pena, foi por uma questao de ciúmes de outros blocos afro que ficaram de fora". Brown comentou que "não quer inimizades com ninguém". Segundo ele, o projeto nao é exclusivo para a cultura negra, é para referenciar a cultura negra, é para toda a cidade. Ele acrescentou que "isso aqui [a Bahia] não é a terra de uma nota só".
Afródromo Salvador carnaval (Foto: Mateus Pereira/Secom)
Primeiro projeto do
Afródromo (Foto: Mateus Pereira/Secom)
'Dificuldades operacionais'
A Prefeitura de Salvador informou, na noite do dia 7 de janeiro, que o Afródromo, espaço alternativo que seria dedicado aos blocos afro no carnaval, não aconteceria no ano de 2013. Segundo a prefeitura, não houve viabilidade para execução do primeiro projeto apresentado a curto prazo devido a "dificuldades operacionais".

A assessoria da prefeitura acrescentou ao G1 BA que a decisão foi tomada de forma conjunta entre o músico Carlinhos Brown, um dos idealizadores do Afródromo, e o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani.
Pouco antes, o Conselho Municipal do Carnaval (ComCar) enviou à prefeitura um ofício em que não recomendou a criação do novo espaço para a festa carnavalesca, que seria localizado no bairro do Comércio. A decisão foi aprovada por unanimidade pelo ComCar, depois que o projeto não foi enviado à apreciação da entidade. No entanto, a prefeitura afirmou que a solicitação do Conselho não tem relação com a reprovação do projeto pela prefeitura.
O ComCar disse, em nota, que a não recomenda a execução do Afródromo por conta de "alguns pontos obscuros que norteiam o projeto divulgado pela imprensa, como a garantia de segurança, saúde e limpeza; impactos ambientais e sobre o patrimônio histórico; concessão de espaço público; e conflitos de interesses econômicos relacionados aos patrocinadores oficiais do carnaval", segundo elencou.
Além disso, o ComCar afirma, no documento, que a implantação do Afródromo poderia trazer interferências nos circuito "Batatinha", situado no Pelourinho, e no circuito "Osmar", no Campo Grande. Segundo a entidade, esses circuitos já trazem atrações com blocos afro e afoxés no período da festa popular e poderia perder a força. Durante a noite desta segunda-feira (7), G1tentou contato com a assessoria do Afródromo, mas ninguém foi encontrado.
Afródromo Salvador carnaval (Foto: Mateus Pereira/Secom)
Afródromo foi projetado por Brown e Liga dos
Blocos Afro (Foto: Mateus Pereira/Secom)
Afródromo
O espaço alternativo dedicado a blocos afros e afoxés foi idealizado para o bairro do Comércio. Segundo as informações registradas no primeiro projeto, o "Afródromo" contaria com 2,5 quilômetros de extensão, com início no Moinho de Salvador, situado na Avenida da França. Os desfiles estavam previstos para domingo, segunda e terça-feira de carnaval.

 “Queremos mais visibilidade para os blocos afro e entidades de matriz africana”, declarou Alberto Pita, presidente do Cortejo Afro e da Liga dos Blocos Afro da Bahia, que acompanhou o músico Carlinhos Brown e o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos 'Vovô', na apresentação do projeto ao governador Jaques Wagner. O encontro ocorreu no dia 28 de novembro de 2012.
De acordo com os organizadores do Afródromo, a ideia é proporcionar um "grande espetáculo" nos dias de carnaval. O ponto de partida dos desfiles seria equipado com arquibancada com lotação de 20 mil pessoas. Os ingressos seriam gratuitos. Além dos desfiles dos blocos afro que fazem parte da Liga, como Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Muzenza, Filhos de Gandhy e Malê Debalê, entidades de matriz africana e outros convidados, como a Timbalada, estariam na programação do novo circuito.
A abertura oficial do Afródromo ficaria por conta de Carlinhos Brown, no domingo de carnaval, com o seu novo bloco, chamado "Desembarque Fascinante". Ele comandaria ainda o bloco "Universidade Baixa", que levará ao Afródromo atrações de rock. 
Os desfiles dos blocos afro estão previstos para iniciar a partir das 18h, considerado horário nobre na programação, atendendo a um antigo pedido das entidades. “A ideia é que os blocos afro tenham mais visibilidade porque no carnaval eles só conseguem sair de madrugada, apertados com outros blocos”, comentou Vovô do Ilê Aiyê.
Fonte: G 1 BA

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